São Paulo, domingo, 29 de outubro de 2006

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"Maioridade" das construções provoca "queimação" nos fios da rede elétrica

Estudo detectou que 82% dos quadros de força são de material combustível

DA REPORTAGEM LOCAL

Problema comum em construções que atingem a "maioridade" dos 20 anos, o aquecimento dos fios foi detectado em 53% dos edifícios avaliados pelo Programa Casa Segura, lançado pelo Procobre (Instituto Brasileiro do Cobre) com apoio do Corpo de Bombeiros, da Abempi (Associação Brasileira das Empresas de Engenharia de Manutenção Predial e Industrial) e do Secovi-SP (sindicato da habitação).
Em cinco bairros de São Paulo -Higienópolis, Itaim Bibi, Morumbi, Perdizes e Pinheiros-, 150 prédios passaram por inspeções gratuitas de janeiro a abril deste ano.
O levantamento também apontou que 82% dos quadros de força são feitos com materiais combustíveis, como madeira. A norma exige que os quadros sejam feitos de material metálico.
"Prédios antigos [com mais de 20 anos] precisam de ajustes. Se todos os apartamentos instalarem ar-condicionado, o edifício explodirá", afirma Antonio Maschieto Júnior, 50, diretor-executivo do Procobre.
O check-up predial custa de R$ 1.000 a R$ 1.500, para um edifício de 10 andares. Já os ajustes ficam em torno de R$ 60 mil, valor que o condomínio do edifício Sepetiba, 34, já despendeu para trocar quadro de medidores, fiação, lâmpadas e tomadas de áreas comuns.
O síndico, Marcos Rezende Pinto, 47, diz que o condomínio vive uma fase de transição.
"Alguns apartamentos já foram reformados. Pela segurança comum, o ideal é que todo condômino reforme o seu."

Escaldado
"Gato eletrocutado tem medo de choque quente." A paródia do ditado espelha o que aconteceu com a assistente administrativa Jussara Cucato, 35, que, antes mesmo de se mudar, trocou fiação, disjuntores e caixa de força da casa nova.
A reforma foi motivada por más experiências elétricas vivida no imóvel anterior, onde o microondas não se dava bem com o secador de cabelo, que não se entendia com o chuveiro, que não "ia com a cara" do ferro de passar.
"Era só ligar uma dupla desses aparelhos simultaneamente, que a chave caía", lembra Cucato. O desarme constante dos disjuntores e o valor alto da conta de luz -R$ 150, numa casa onde moravam três pessoas- sinalizaram que havia fuga de energia, causada pelo aquecimento da fiação.
A reforma no imóvel de 20 anos, avaliado em R$ 175 mil e localizado no Parque São Domingos (zona norte), custou cerca de R$ 30 mil.
"Fiz questão de conduítes distintas para cabos de telefone, TV a cabo e eletricidade, para não ter interferências."
No novo projeto, no entanto, faltaram algumas tomadas, e os benjamins ainda são usados na sala de TV, por exemplo. (DF)

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