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POR UM FIO
Terceiro furo se conecta a norma antiquada
Indústria e comércio serão obrigados a adotar tomada de três terminais até 2007; ABNT usa valores de 1990
DA REPORTAGEM LOCAL
A estrutura elétrica das residências no Brasil é uma "tomada de dois plugues". De um lado, há uma norma defasada; de
outro, uma lei que trará mais
segurança aos edifícios.
O choque de modernidade
"explodirá" daqui a um ano nas
paredes do país: a conhecida tomada fêmea, de dois terminais,
deverá desaparecer. Em novos
projetos, o modelo adotado deverá ser o de três terminais.
O prazo para a indústria e o
comércio se adequarem vence
em 26 de outubro de 2007. O
terminal extra, localizado no
centro, conecta-se ao fio de terra, evitando choques elétricos.
Quem quiser trocar as tomadas ou ampliar o número delas
para abandonar os arriscados
benjamins terá de enfrentar
quebra-quebra, avisa o arquiteto Luciano Imperatori, 37, da
Hochheimer e Imperatori
Arquitetura.
"Puxar fios é perigoso, pode
provocar curtos", alerta Imperatori. Segundo ele, a falta de
tomadas é mais comum em edificações com mais de dez anos.
Já as mais novas costumam
ter reserva no quadro de força
para acréscimo de disjuntores e
um grande número de tomadas, cuja localização, no entanto, pode deixar a desejar, de
acordo com as necessidades e
vontades de decoração.
Qualquer obra elétrica deve
ser feita por um profissional especializado, indica o presidente
da Abracopel (Associação Brasileira de Conscientização para
os Perigos da Eletricidade), Edson Martinho, 42.
Pela legislação estadual, projetos elétricos de moradias unifamiliares não precisam da
aprovação do Crea-SP (Conselho Regional de Engenharia,
Arquitetura e Agronomia de
São Paulo), ao contrário do que
é exigido para prédios de apartamentos.
Ainda assim, Martinho diz
que não se pode dispensar um
especialista para projetar a parte elétrica de uma casa, "porque
falhas são imperdoáveis".
Norma "apagada"
O buraco extra previsto para
as tomadas, porém, não tapa
um furo nas regras para fazer
uma rede elétrica.
Especialistas, como o engenheiro civil Paulo Roberto dos
Santos, afirmam que a norma
da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) para
esse tipo de instalação em moradias está defasada.
Embora tenha havido duas
atualizações, em 1997 e em
2004, foram mantidos valores
da versão de 1990.
A norma determina que tomadas residenciais suportem
uma carga de 100 watts. É o suficiente para uma TV de 29 polegadas, que tem potência média de 90 watts, mas está
aquém da potência de um televisor de plasma, de 200 watts.
Até o final do ano, a Eletrobrás conclui a tabulação de dados de uma pesquisa sobre posses e hábitos dos usuários de
energia elétrica que será útil na
revisão dos valores.
Antes de desplugar todos os
aparelhos, porém, saiba que a
maioria das tomadas foram superdimensionadas e construídas para tolerar até 1.000 watts.
Essa folga, no entanto, vem
diminuindo e está perto do limite, alerta Santos.
Para evitar apagões ou fogo, a
saída é fazer um check-up nas
construções com mais de 20
anos, que é a vida útil de fios,
cabos, quadros de força e disjuntores.
(DÉBORA FANTINI)
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