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São Paulo, domingo, 30 de novembro de 2003

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ENTULHO

Possibilidade da presença de cerâmica vermelha faz com que o material seja usado apenas em funções não-estruturais

Prudência restringe o concreto reciclado

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Diferentemente do que pensam empreendedores com instinto demolidor, a vida útil do concreto não acaba na primeira marretada. O material que vem abaixo em reformas e demolições já é reciclado por construtoras e utilizado até para erguer novas casas.
A Racional Engenharia, por exemplo, mantém um centro de reciclagem de concreto no Rio de Janeiro. A Setin transformou um piso que foi demolido em matéria-prima para uma nova obra.
O engenheiro Alexandre Buttler, 25, testou em seu mestrado a reciclagem de um tipo de concreto semelhante ao usado em fábricas de blocos e aprovou o desempenho. "O projeto de norma técnica contempla apenas as funções não-estruturais, mas, em outros países, os resíduos são usados em vigas, por exemplo."
Quanto mais o concreto estiver desembaraçado de outros materiais, como ferro e cerâmica, melhor será seu desempenho. Mas essa não é uma tarefa fácil.
Vanderley John, professor do Departamento de Engenharia Civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, diz que as características dos resíduos da construção são muito variáveis.
Diferentemente do que ocorre em países europeus, detecta-se grande presença de alvenarias de cerâmicas vermelhas.
Para ele, devido à falta de confiança nas características dos lotes, adota-se uma postura "conservadora" de destinar os agregados para funções menos exigentes, como base de pavimentação.
"Se houver cerâmica no meio, é complicado falar de uso estrutural", corrobora Élcio Duduchi Careli, 37, diretor da Obra Limpa (consultoria em gestão de resíduos). "Fazer ensaios com o concreto é sempre desejável."
A quinta norma sobre a reciclagem de concreto ainda está sendo elaborada, mas deve regulamentar o uso de agregados reciclados no concreto que não tiver função estrutural. "Usar material reaproveitado é plenamente possível para estruturas, mas somos cautelosos", diz Tarcísio de Paula Pinto, que faz parte do grupo que elabora essas normas na ABNT.

Pequenas obras
No caso de obras pequenas, como reformas e construção de casas, o concreto não é reciclado no canteiro. O que o pequeno construtor deve fazer é levar o entulho a um ecoponto da prefeitura (que recebe, por dia, até 1 m3 de entulho por pessoa) ou contratar empresas que recolhem o material.
Encaminhar os resíduos para a reciclagem será tarefa da administração municipal e deve se tornar realidade no ano que vem, quando entrarem em vigor as resoluções do Conama (veja quadro abaixo).
Hoje só há um ecoponto, na Mooca. "A meta é ter um em cada distrito", diz Fabio Pierdomenico, 34, diretor do Departamento de Limpeza Urbana (Limpurb).
No Jaçanã, há uma iniciativa, particular, de separar o entulho e vender a pedra. O metro cúbico desse material reciclado sai por R$ 14, contra os R$ 26 das pedras "novas". (BRUNA MARTINS FONTES)


Área de Transbordo e Triagem do Jaçanã: 0/xx/11/6241-7217; I&T: 0/xx/ 11/3742-0561; Obra Limpa: 0/xx/11/ 4362-5497; Racional Engenharia: 0/xx/11/3732-3817


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