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Rússia quer seu status de potência política
IGOR GIELOW
SECRETÁRIO DE REDAÇÃODA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O confronto em um canto do
mundo desconhecido para
muita gente tornou-se um dos
principais marcos da geopolítica desde o 11 de Setembro.
A Rússia voltou ao centro do
palco mundial com a rápida
guerra contra a Geórgia, as potências ocidentais foram humilhadas e agora falam grosso para tentar reverter os danos políticos. O mundo tornou-se mais
instável e a velha rivalidade da
Guerra Fria tomou novos e perigosos contornos.
Tudo começou após meses
de confronto político entre
Moscou e Tbilisi. O presidente
georgiano, Mikhail Saakashvili,
aproximou-se do Ocidente
mais do que o Kremlin gostaria,
insinuando inclusive a entrada
na Otan, a aliança militar americano-européia.
Por motivos até aqui não totalmente explicados, Saakashvili resolveu dobrar a aposta e,
aceitando a provocação, atacou
uma região separatista que tem
o apoio de Moscou, a Ossétia do
Sul. Se acreditou que o Ocidente iria mandar tropas para conter a reação russa, errou feio.
O resultado foi desastroso.
Sob olhos impotentes do Ocidente, a Rússia pôs em prática
uma bem planejada operação
militar, que isolou as áreas separatistas da Geórgia militarmente e desarticulou as Forças
Armadas de Saakashvili. A brutalidade da ação foi considerada desproporcional por quase
todas as potências ocidentais,
mas elas nada puderam fazer.
A Geórgia é importante corredor para acesso ao gás e petróleo do mar Cáspio, e a Europa contava com um projeto para acessá-lo e fugir da dependência da Rússia. Agora, está
sem opção viável.
Os EUA, que namoraram
longamente Saakashvili, endureceram o discurso e enviaram
suposta ajuda humanitária,
mas o estrago está feito e o regime autoritário em Moscou,
mais forte do que nunca -o que
não é exatamente boa notícia
para o cidadão russo.
As conseqüências serão conhecidas nos próximos meses.
É previsível um crescente isolamento russo, mas é possível
que isto esteja nos cálculos do
Kremlin também. Superpotência nuclear e energética, a Rússia agora também reclama seu
status político. O mundo mudou, e mais confrontações
abertas são esperadas.
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