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Moradores se unem e barram crescimento de bairro paulistano Liminar na Justiça proíbe projeto que levaria mais 37 mil pessoas à Vila Sônia e a regiões próximas, como Butantã Vizinhança de áreas visadas pelo mercado imobiliário trava guerra contra novos lançamentos VANESSA CORREADE SÃO PAULO Organizados em entidades e comunidades na internet, moradores de diversos bairros de São Paulo declararam uma verdadeira guerra contra lançamentos imobiliários e obras viárias públicas. Ontem, associações do bairro do Butantã, na zona oeste, venceram o que consideram uma batalha significativa: obtiveram uma liminar na Justiça que paralisa a Operação Urbana Vila Sônia, cujo projeto pretende levar mais 37 mil pessoas para a região, hoje com 108 mil habitantes. A operação permitiria que construtoras aumentassem os prédios residenciais e comerciais em troca de taxas antecipadas pagas à prefeitura -numa operação urbana, a verba tem de ser reutilizada em obras de melhoria da região. "Faz mais de seis anos que pedimos para participar [das discussões da operação urbana], e não somos ouvidos. No fim de agosto, convocaram a população para conhecer o projeto pronto. Então a comunidade se sentiu desrespeitada", diz Sérgio Reze, membro da Rede Butantã e do Movimento Defenda São Paulo. O secretário municipal de Desenvolvimento Urbano, Miguel Bucalem, defende o adensamento populacional próximo a áreas que já possuem boa infraestrutura, um dos objetivos de operações urbanas como a da Vila Sônia. Segundo ele, as operações também visam aproximar a população dos empregos. 'SALVEM OS QUINTAIS' Manifestações e abaixo-assinados já não são novidade em áreas que vêm sendo valorizadas, como Butantã, Mooca e Cerqueira Cesar. Outro local que tenta frear os espigões em suas ruas arborizadas e ainda repletas de casinhas é a Vila Mariana. O valor do metro quadrado no bairro da zona sul foi um dos que mais cresceu na cidade, batendo R$ 10 mil. Os moradores se mobilizam em grupos como "salvem os quintais" e "o outro lado do muro". Neste último, incentivam quem passa na rua a espiar dentro de terrenos em obras. Eles já conseguiram fazer a prefeitura suspender a autorização para a construção de um novo condomínio. 'ESPETÁCULO' No próximo sábado, moradores da Vila Romana, na zona oeste, vão começar um movimento chamado "Caçamba da Vez", um protesto contra as construtoras. A manifestação terá alto-falantes dentro de uma caçamba, com gravações de moradores e urbanistas. A ideia é fazer oposição ao "espetáculo imobiliário", que vende um bairro como repleto de "cultura local, casinhas charmosas", enquanto "tratores e escavadeiras o exterminam". A urbanista e relatora especial da ONU para o direito à moradia, Raquel Rolnik, critica a falta de participação pública no desenvolvimento da cidade. "As mobilizações ocorrem pela absoluta falta de canais de expressão para debate sobre a questão urbana." O promotor Mauricio Antonio Ribeiro Lopes, autor da ação civil que paralisou ontem a Operação Urbana Vila Sônia, diz que percebe o crescimento da mobilização de moradores. Ele atribui o fato à falta de participação pública no planejamento da cidade. "Não vejo elitismo. Vejo como legítima defesa do resto de qualidade de vida desses moradores", afirma. Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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