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Socrates Homem de Mello (1935-2011)

Fez a família ser boa em discussão

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

À mesa do almoço, Socrates Homem de Mello tinha o hábito de dividir os filhos em promotores e advogados. Enquanto matavam a fome, os meninos eram instigados a brincar de defender e acusar.

Costumava ainda contar histórias, mas sem terminá-las. Ao clamarem pela conclusão, os filhos ouviam: "Vocês que vão me dizer o final".

O advogado formado pelo Mackenzie em 1963 não conseguiu fazer nenhum dos quatro filhos seguir sua carreira. Construiu, porém, uma família boa de discussão, como brinca a filha Miriam.

Socrates foi criado pelas tias, pois os pais se separaram quando ele ainda era pequeno. Fez escola da Força Pública, mas sempre quis ser advogado. Após formado, trabalhou com um tio, até abrir seu escritório. Só encerrou a carreira quatro anos atrás.

Tinha especial preocupação com a educação dos filhos e netos. Com a mulher, a pedagoga Renée, pegava o Opala, punha as crianças atrás e saía viajando por aí, nas férias. Também levava os netos a lugares que poderiam ajudar em suas formações, como Cuba, por exemplo.

Chegou a ser presidente da Cisv (Children International Summer Village) no Brasil, entidade que organiza acampamentos com crianças e jovens do mundo todo.

Era sério e formal, conta a família. Nos anos 90, processou a Globo por causa de um personagem da "Escolinha do Professor Raimundo" que coincidentemente levava seu nome. Era um macaco falante de respostas inteligentes. O advogado foi indenizado.

Primo do crítico Zuza Homem de Mello, Socrates perdeu uma filha de câncer em 2000. Morreu anteontem, aos 76 anos, após sofrer parada cardíaca. Teve dez netos.

coluna.obituario@uol.com.br

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