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Motorista passa mal, bate e é linchado

Cerca de 40 pessoas que participavam de baile funk teriam sido responsáveis pelo linchamento de trabalhador

Edmilson Alves passou mal ao volante do ônibus, que atingiu três carros, três motos e atropelou um jovem

ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO
FERNANDA BARBOSA
DO “AGORA”

Após passar mal, perder o controle do ônibus que dirigia, atingir três carros, três motos e atropelar um homem de 26 anos, o motorista Edmilson dos Reis Alves foi linchado por cerca de 40 pessoas.

O linchamento ocorreu por volta das 23h30 de anteontem no Jardim Planalto, zona leste de SP. Nenhum suspeito pela morte foi preso.

Segundo a polícia, os agressores estavam num baile funk na rua Torres Florêncio e Rielli quando o motorista passou mal e perdeu o controle do ônibus, que atingiu três carros e três motos.

Cerca de 300 pessoas estavam no baile funk quando o acidente ocorreu.

Segundo testemunhas, cerca de 40 pessoas invadiram o ônibus e atacaram Alves. Alguns dos agressores diziam que ele havia bebido.

Ele foi arrancado do ônibus pela janela e jogado na calçada. Sua cabeça foi atingida várias vezes pelo extintor de incêndio do ônibus.

O motorista trabalhava havia sete anos na empresa Via Sul e dirigia um ônibus da linha 4.222 (Parque Santa Madalena/Praça João Mendes).

CRUELDADE

"Foi muita crueldade. A gente, que tinha pulado a catraca para ajudar, teve de voltar para trás. Ficamos presos no fundo do ônibus", conta Rogério dos Santos, 27, cobrador que trabalhava pela primeira vez na linha.

Alves chegou a ser levado para o pronto-socorro, mas não resistiu aos ferimentos.

Exames do IML (Instituto Médico Legal) determinarão se a morte de Alves foi em decorrência do mal súbito ou das pancadas.

Policiais civis do 69º Distrito Policial (Teotônio Vilela) disseram que, preliminarmente, os legistas disseram que os traumas na cabeça de Alves foram gravíssimos.

Pai de quatro filhos, Alves será enterrado hoje, dia em que faria 60 anos de idade, no Cemitério da Vila Alpina, também na zona leste.

O jovem atropelado pelo ônibus, Fábio Bento do Prado, não corre risco de morte. Fraturou o pé e foi operado.

Por conta da morte de Alves, seus colegas de trabalho fizeram uma paralisação na região de Sapopemba e o sistema emergencial da prefeitura teve de ser acionado para atender aos usuários.

"Ele era o tipo de funcionário exemplar. Todos na empresa estão chocados com a crueldade da morte dele", disse Joel Cruz, gerente de planejamento da Via Sul.

Na noite de domingo, pouco antes de ser linchado, Alves estava acompanhado da mulher, Digeane da Silva Alves, 35, nas viagens de seu turno. Ela só não o acompanhou na última viagem porque precisava acordar cedo ontem.

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