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Cidade deslocada

Fotografias dos extremos de São Paulo foram parar em paredes do centro da cidade; projeto de coletivo de fotógrafos contrasta com a paisagem da região

VANESSA CORREA
DE SÃO PAULO

Os extremos de São Paulo vieram parar no centro. Foram colados em pilares de viadutos e paredes de galpões "para que as pessoas pudessem ver uma cidade a que não estão habituadas".

"As pessoas imaginam que as paisagens são de fora da cidade", diz Leo Caobelli, um dos sete fotógrafos do coletivo Garapa, que faz documentários fotográficos e audiovisuais com a cidade de São Paulo como tema principal.

As paisagens dos cinco painéis fotográficos do projeto Deslocamentos foram aplicadas com a técnica de lambe-lambe (em que papel é colado à uma superfície), a mesmíssima que tanto incomoda fiscais da Lei Cidade Limpa.

Porém, diferente das propagandas grudadas aos montes pelos postes da cidade, os painéis foram aprovados pela comissão de paisagem urbana da prefeitura.

Eles estão nos mesmos pilares em que os grafites e pichações foram banidos com tinta antispray em 2010. Os

R$ 20 mil para execução vieram do Programa de Ação Cultural, do governo estadual.

Entre as paisagens "deslocadas" para o centro está a de um trilho de uma estrada de ferro em meio a um corredor de árvores, no distrito de Marsilac, extremo da zona sul.

A imagem está colada em um pilar lateral do Minhocão na praça Marechal Deodoro, a 41 km de onde foi captada.

Também veio para o centro uma paisagem típica de Interlagos: a praia do Sol, na represa de Guarapiranga, também na zona sul. Ela está em um pilar do viaduto Pacaembu, na rua Barra Funda, a 20 km de onde foi clicada.

As imagens das paisagens dos extremos da cidade contrastam com a aridez da região em que foram colocadas, onde reinam o concreto e os automóveis apressados.

'O MAIS FEIO'

O Minhocão se tornou cenário para intervenções artísticas, filmes e até desfiles.

Em 2009, o fotógrafo Felipe Morozini desenhou flores gigantes nas pistas do elevado e conquistou um prêmio em Nova York. "É o viaduto mais famoso, por ser o mais feio. Para os artistas é interessante. Dá a ideia de transformar num lugar mais bonito", afirma Morozini.

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