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Centro de alerta para chuvas e desastres não sai do papel

Sistema federal, prometido para novembro, nada usou dos R$ 21 mi previstos

Especialistas aprovados em concurso não foram contratados; ministério diz que central pode funcionar neste mês

GUSTAVO PATU
CLAUDIO ANGELO
DE BRASÍLIA

Prometido para novembro, depois da sucessão de tragédias e sustos do verão passado, o centro federal de alertas contra enchentes e desabamentos não saiu do papel até agora, no início da nova temporada de chuvas.

Dos R$ 21 milhões programados para dar início à estrutura -como compra de equipamentos e adaptação das instalações- nenhum centavo foi desembolsado até anteontem, como mostra o sistema de acompanhamento dos gastos da União.

Nem sequer a instalação de 700 pluviômetros automáticos e 1.800 manuais nos municípios de alto risco de desastres foi concluída.

Também a formação da equipe enfrenta problemas. O concurso para a contratação temporária de 75 especialistas foi realizado só em outubro e os aprovados ainda não foram contratados.

Mesmo assim, o governo diz que o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) pode abrir neste mês.

Apenas cinco servidores nomeados para cargos de confiança, inclusive o diretor do centro, têm à disposição uma sala cedida pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) em Cachoeira Paulista (212 km de SP).

O local foi reformado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

Promessas do gênero já haviam sido feitas em 2005, no governo Lula, mas sem avanços. No começo deste ano, o ministro Aloizio Mercadante prometeu o novo centro. Em julho, foi editado o decreto que criou o Cemaden.

MONITORAMENTO

O centro tem como missão monitorar o tempo 24 horas por dia em zonas críticas do país e dar alertas de deslizamento, enxurrada e inundação com antecedência de seis a duas horas à Defesa Civil.

Para isso, tem de desenvolver um sistema que integra dados de pluviômetros, radares meteorológicos e simulações do tempo feitas pelo supercomputador do Inpe.

Para a primeira fase de implantação, foram escolhidas 56 cidades que tiveram desastres no passado, como Cachoeiro do Itapemirim e Vitória (ES), Belo Horizonte (MG), Angra dos Reis, Teresópolis e Nova Friburgo (RJ) e Jaraguá do Sul e Ilhota (SC).

Das 56, 20 não têm cobertura adequada de radar, quase a metade não tem mapa de áreas de risco com resolução para evacuação mais eficaz e poucas têm Defesa Civil equipada para responder a alertas.

"Não temos um sistema completo", afirmou o secretário de Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do MCTI, Carlos Nobre. "Mas não estamos cegos."

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