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José Vicente de Carvalho Morelli (1926-2011)

Devorador de livros de história

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

Nas madrugadas, com a lanterninha na mão, José Vicente de Carvalho Morelli descia para o escritório. Devorava dois, três livros ao mesmo tempo. Das 7h às 9h, dormia mais um pouco. Depois, retomava suas leituras.

Neto do poeta parnasiano Vicente de Carvalho (1866-1924), José Vicente nasceu em São Paulo, mas cresceu em São Vicente (SP). Quando jovem, voltou à capital, onde se formou em direito pela USP no início da década de 50.

Seguiu carreira como advogado. No Carnaval de 1954, conheceu Rognieda, filha de russos que vieram fugidos da revolução de 1917, e com ela se casou um ano depois.

O grande trabalho de sua vida, como conta a família, começou logo após se aposentar, nos anos 80. Passou a estudar história intensamente, o que explicava suas incursões ao escritório de casa durante as madrugadas.

Juntou mais de 6.000 livros. Riscava as páginas, copiava os trechos que julgava importantes, passava a limpo em cadernos e assim ia exercitando o cérebro. Escreveu cerca de 10 mil fichas.

Há cinco anos, descobriu um câncer, e a primeira coisa que fez ao sair do médico foi comprar passagem para Portugal. Adorava viajar.

Curou-se do primeiro, mas um segundo lhe foi diagnosticado há poucos dias. Morreu no domingo, aos 85 anos.

O filho diretor de cinema, Paulo Morelli, registrou nos últimos anos depoimentos seus, sobre história. A família quer agora lançar um site com suas fichas e falas. Teve quatro filhos e oito netos.

A missa do sétimo dia será hoje, às 11h, na paróquia de São Dimas, em São Paulo.

coluna.obituario@uol.com.br

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