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STJ veta toque de recolher para adolescente

Decisão sobre Cajuru abre brecha para que restrições de circulação adotadas em outras cidades também sejam derrubadas

Defensoria Pública entrou com ação pois diz que a regra fere os direitos constitucionais dos adolescentes

LEANDRO MARTINS
DE RIBEIRÃO PRETO

Medida adotada por juízes em várias cidades brasileiras como forma de reduzir a violência entre jovens, o chamado toque de recolher recebeu decisão contrária do STJ (Superior Tribunal de Justiça).

A corte concedeu um habeas corpus a adolescentes de Cajuru (298 km de SP) invalidando a regra que vigorava na cidade desde 2010.

A decisão atendeu a uma ação da Defensoria Pública de São Paulo, que é contra uma portaria da Justiça local que proibiu que adolescentes desacompanhados dos pais ou responsáveis ficassem nas ruas após as 23h.

Agora, o acórdão do STJ deve abrir uma brecha para que a instituição questione regras parecidas em outras cidades -na mira já estão Ilha Solteira, Fernandópolis e Barretos.

De acordo com levantamento feito pela Folha em junho, ao menos 60 municípios, de 17 Estados, têm medidas semelhantes. Juízes, delegados e Conselhos Tutelares afirmaram à época que a restrição ajudou a reduzir a violência nessas cidades.

Para a Defensoria Pública, no entanto, o toque de recolher fere direitos constitucionais, privando os menores de sua liberdade de circulação.

O órgão afirma ainda que as portarias dos juízes que criaram as regras são inconstitucionais, porque os magistrados não têm autonomia para isso, segundo a Defensoria Pública - argumento que foi aceito pelo STJ no caso de Cajuru.

DEFESA

No entanto, em cidades onde o toque de recolher vigora, instituições que atuam com os jovens afirmam que as medidas foram positivas, com a diminuição do envolvimento de menores de idade em crimes.

Em Fernandópolis, onde o toque de recolher vigora desde 2005, o juiz Evandro Pelarin, da Vara da Infância e Juventude, que instaurou a regra, diz que os atos infracionais de jovens despencaram.

Mais do que isso, diz ele, houve mudança geral de comportamento. "Os pais estão mais presentes e os jovens também passaram a voltar para casa mais cedo."

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