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Denúncia sobre corrupção policial é grave, diz Alckmin Governador afirma que, confirmada a suspeita, vai 'demitir' e 'prender' policiais De acordo com a Polícia Federal, homens do Denarc e do Deic cobraram propinas de traficantes de drogas ANDRÉ CARAMANTEDE SÃO PAULO RAPHAEL SASSAKI COLABORAÇÃO PARA A FOLHA O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), classificou como graves as suspeitas que recaem sobre policiais civis do Estado. "A denúncia é muito grave e caso comprovada os policiais serão demitidos, presos e responderão a processos civil e criminal", disse ele. A Folha revelou ontem uma investigação federal que acusa homens do Denarc (departamento de narcóticos) e Deic (departamento de investigações criminais), órgãos de elite da Polícia Civil, de extorquiram traficantes entre agosto de 2010 e março deste ano. Segundo a PF, criminosos eram levados para os prédios do Deic e do Denarc e ficavam lá, sem qualquer registro, até que a propina fosse paga. Depois disso, eram liberados. Ao menos 12 policiais estariam envolvidos. Oficialmente, não foram identificados. A Folha apurou que dois policiais que aparecem em uma foto feita pelos federais durante a investigação são conhecidos como China (investigador) e Sena (agente policial). Hoje, eles trabalham em delegacias comuns da capital. Ao todo, os policiais paulistas extorquiram R$ 3 milhões em dinheiro, veículos e armas em três ocasiões diferentes, afirma a investigação. O valor supera os R$ 2,5 milhões que o megatraficante colombiano Juan Carlos Abadia diz ter pago a policiais civis paulistas antes de ser preso em 2007 -esses policiais hoje respondem a processos. Alckmin elogiou o trabalho da Polícia Federal. Mas seu secretário da Segurança, Antonio Ferreira Pinto, fez uma ressalva: "É provável que esses policiais tenham extorquido mais pessoas ao longo do último ano. Lamentamos muito não termos sido avisados antes para prendê-los." Ontem, Ferreira Pinto mandou a Corregedoria da Polícia Civil abrir inquérito para investigar os policiais suspeitos. NEGOCIAÇÕES Os dois delegados federais responsáveis pelo caso, Ivo Roberto Costa da Silva e Valdemar Latance Neto, foram contundentes nas acusações. "Os policiais do Denarc solicitaram a 'Batista' [traficante internacional] o pagamento de, aproximadamente, dois milhões de reais para liberar Sérgio e Gilmara [seus comparsas]", diz um trecho do inquérito federal ao citar uma das ocasiões em que teria havido extorsão policial. João Alves de Oliveira, o "Batista", aparece numa escuta em que diz: "Pegaram ele [um comparsa] e estão levando para o prédio lá", diz "Batista". "Mas qual prédio", pergunta o interlocutor. O traficante responde: "Denarc". Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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