Outro lado

Advogado nega ter pago propina a policiais

O advogado André Luiz Bicalho Ferreira, apontado pela Polícia Federal como o responsável por fazer as negociações das propinas com os policiais civis paulistas, negou ontem à Folha qualquer envolvimento com o caso.

"Nunca paguei propina a policiais", disse o advogado, que nega, inclusive, ser ele na foto em que, segundo os federais, policiais negociam a liberação de João Alves de Oliveira, o "Batista", tido como chefe de uma quadrilha internacional de tráfico.

Segundo a Polícia Federal, "Batista" foi mantido no prédio do Deic, na zona norte de São Paulo, de forma irregular, sem qualquer registro de que ele estava ali dentro.

"Não sou eu quem aparece nas escutas telefônicas. Não ouvi os grampos ainda, mas sei que não sou eu", afirmou ontem o advogado.

A Folha apurou que os dois policiais civis que aparecem na foto com o advogado Ferreira são conhecidos como China (investigador) e Sena (agente policial) e, hoje, trabalham em delegacias comuns da capital paulista.

"A fotografia nem minha é. Com certeza. Já tinha sido interrogado sobre esses fatos e pensei que estivesse tudo certo", afirmou Ferreira.

O episódio em que a fotografia foi feita ocorreu, segundo a investigação, em 8 de novembro de 2010. O valor pago para a liberação de "Batista", segundo a Polícia Federal, foi de R$ 500 mil.

AJUDA

A Polícia Civil solicitou ontem ajuda à Polícia Federal para identificar os policiais.

O pedido foi do delegado-geral, Marcos Carneiro Lima, ao superintendente da Polícia Federal em São Paulo, Roberto Troncon Filho.

Lima disse que Troncon Filho confirmou as evidências de corrupção dos policiais civis.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública, de 2009 a agosto deste ano, 356 pessoas foram demitidas da Polícia Civil (que tem 33 mil membros); da PM (com 96 mil), foram 612. A pasta não informou quantos policiais têm o Deic e o Denarc.

(ANDRÉ CARAMANTE)