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Brasileiros descobrem novo tipo de hospedagem

Segundo donos de hostels, turista nacional já ocupa 50% dos leitos

Visitantes, com idade média de 30 anos, são atraídos por grandes eventos e ficam na capital por três dias

DE SÃO PAULO

Sentados nos pufes coloridos da recepção, um turco e um americano que tinham acabado de se conhecer combinavam de almoçar em um restaurante vegetariano na região da Vila Mariana, na zona sul de São Paulo.

Pouco distante dali, em um outro hostel, na Bela Vista (centro da cidade), seis hóspedes de diferentes países assistiam a um filme em inglês.

Num terceiro, com lareira decorada em enfeites natalinos, um casal de colombianos dormia profundamente no sofá da recepção.

"No hotel, você fica fechado dentro de um quarto. Aqui, é obrigado a conviver com as pessoas, como se estivesse numa casa alugada por desconhecidos", descreve Michele Ono, 27, que veio de Piracicaba, no interior paulista. Foi a primeira vez que se hospedou em um hostel paulistano.

Um amigo, que indicou o local, costuma ficar ali para curtir as baladas do hostel da Vila Madalena, perto do trabalho, em vez de voltar todos os dias para casa, no ABC.

SOTAQUE PORTUGUÊS

"Hosteleiros" ouvidos pela reportagem atribuem o crescimento do setor principalmente à descoberta dos brasileiros, muitos deles já acostumados com esse tipo de serviço fora do Brasil.

Hoje, os brasileiros representam 50% dos hóspedes de hostels da capital paulista, segundo estimativas do setor.

"É uma oportunidade de conhecer gente de tudo que é canto. Cheguei ontem e já falei com americano, alemão, mexicano e espanhol", conta Diego Moraes, 23.

Biólogo, ele veio para São Paulo para uma entrevista de emprego e estava prostrado em uma rede, de papo com um americano, quando recebeu a reportagem.

POUSADAS NO LITORAL

Dentre os 15 hóspedes entrevistados pela Folha, a maioria veio a São Paulo em busca de emprego, para fazer turismo ou de passagem para outras cidades.

O tempo médio de permanência desses hóspedes (a maioria com até 30 anos) é de três dias, diz o setor. Muitos são atraídos por eventos, como a Mostra Internacional de Cinema, shows internacionais e, é claro, futebol.

Foi para ver a final do Brasileiro que o nova-iorquino Dylan Stillwood, 31, chegou há 15 dias no Praça da Árvore Hostel -ele é corinthiano.

A maioria dos viajantes encontra a hospedagem pelos sites HostelWorld, HostelBookers e Hostels.com.

Neles, há somente 11 hostels em cidades do litoral paulista (Guarujá, Ilhabela, Santos, Ubatuba, Caraguatatuba e Maresias).

E é a melhor contagem que existe, já que informações fora da capital de São Paulo não são registradas pela SPTuris nem pela Secretaria de Turismo do Estado.

Sávio Mourão Henrique, presidente da Associação de Hostels de São Paulo, diz que no litoral o modelo que prevalece ainda é o de pousadas.

"Quarto coletivo ainda é considerado aberração por alguns", resume Maurício Kimura, 38, gerente do Okupe Hostel.

(CMC)

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