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São Paulo, quinta-feira, 01 de janeiro de 2004

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Jovens matam mais no interior

DA REPORTAGEM LOCAL

Enquanto a participação dos jovens no tráfico de drogas é proporcionalmente maior na capital, as cidades do interior se destacam pelo envolvimento de menores nos crimes contra a vida.
A relação entre o tamanho da cidade e os crimes mais comuns praticados pelos jovens é verificada com a separação das estatísticas da capital paulista, da Grande São Paulo e do interior do Estado.
Nos casos de homicídios dolosos em 2003, por exemplo, enquanto na capital os menores de idade estão envolvidos em 0,4% do total de casos, esse mesmo índice é de 2,3% no interior do Estado -que teve média de 1%- e 0,2% nas cidades que compõem a Grande São Paulo.
Em 2002, esse percentual era de 0,6% na capital, 0,3% na Grande São Paulo e 1,7% no interior do Estado, cuja média foi de 0,9%.
Com relação aos casos de latrocínio -registrados até outubro de 2003-, a taxa foi de 2% na capital, 3,3% no interior e 2,2% na Grande São Paulo.
No ano de 2002, ainda de acordo com o levantamento da CAP, os índices foram de 2,4% no interior, 2% na Grande São Paulo e 1% na capital paulista.

Tráfico
O fenômeno é inverso nos crimes de tráfico de drogas. Na capital, os menores responderam por 13,1% dos registros de tráfico e 17,2% dos casos de porte de arma. No interior, os índices foram 12,8% e 15,1%, respectivamente.
Os casos de envolvimento em tráfico na capital até outubro de 2003 (359) já superavam o total de 2002 (349). No interior, até outubro de 2003, haviam sido registrados 997 casos. Durante todo o ano de 2002, foram 1.027 casos.
"Os confrontos de gangues em cidades menores talvez possam explicar o maior envolvimento dos jovens nos crimes contra a vida" , afirmou o sociólogo Túlio Kahn, da CAP.
Segundo ele, a CAP fez uma divisão de incidência de crimes com envolvimento de menores levando em conta a densidade demográfica das cidades paulistas para embasar um estudo mais detalhado da relação entre o envolvimento de jovens com o crime e o tamanho da cidade em que vivem.
Kahn avalia que o apelo do tráfico aos jovens explica os índices dos grandes centros, mas o maior envolvimento nos crimes contra a vida nas cidades menores é um fenômeno que ainda precisa ser analisado. O levantamento feito pela CAP mostra ainda que a participação de menores de 18 anos em casos de estupros no interior também supera os registros verificados na capital.
No ano de 2003, 87 (6,3%) dos 1.376 casos no interior tiveram envolvimento de menores. Na capital, foram 27 (2,6%) dos 1.057 casos. O índice da Grande São Paulo foi de 2,4%, que corresponde a 18 dos 736 crimes registrados e com autoria conhecida.



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