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Esquecidas na campanha, contas municipais são gargalo
DA REPORTAGEM LOCAL
Tema explorado superficialmente na campanha eleitoral, as
finanças da Prefeitura de São Paulo serão o principal entrave do governo de José Serra (PSDB).
A dívida da prefeitura hoje está
em torno de R$ 29 bilhões. O último relatório do Tesouro Nacional, órgão responsável por fiscalizar as contas públicas, indica que
a prefeitura deve 2,35 vezes tudo o
que arrecada. É como se uma empresa, com carências enormes de
infra-estrutura e vários setores
patinando, tivesse um faturamento de R$ 1 milhão e uma dívida de
R$ 2,35 milhões.
Mas o problema é ainda pior do
que parece. A Lei de Responsabilidade Fiscal estabelece que a relação entre a dívida e a receita, hoje
em 2,35, tem de estar em 1,2. Um
cronograma prevê uma redução
gradual dessa relação até 2016.
Esse cronograma estava suspenso por uma resolução do Senado, mas volta a valer em maio.
Se em maio a relação dívida/receita não estiver em 1,78 -e não
estará-, a prefeitura ficará sujeita a várias sanções, como o bloqueio de repasses federais. Essa
diferença entre 2,35 e 1,78 corresponde a mais de R$ 8 bilhões.
A situação é tão grave que a prefeita Marta Suplicy (PT) e Serra
estiveram com o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, em
Brasília na semana que passou
para discutir o tema. Negociaram
o adiamento, por mais um ano,
para que o cronograma de redução da dívida -e com isso as suas
sanções- entre em vigor.
Para amenizar o caos financeiro, a prefeitura reduziu e interrompeu serviços, numa tentativa
de fechar as contas, depois que a
petista perdeu a eleição.
O problema da dívida não começou com Marta e pode ser dividido entre todos os governantes
pelos últimos anos, não necessariamente em porções iguais.
Há três pontos principais: os
precatórios emitidos sem controle na gestão Maluf (93-96), os juros elevados do governo federal,
tucano, na administração Celso
Pitta (97-00), e o não-pagamento
de uma amortização de 20% do
total, já no período Marta Suplicy.
Essa parcela, no entanto, correspondia a um terço do Orçamento.
O que especialistas dizem é que
Marta poderia ter economizado
mais nos gastos, para reduzir a relação entre dívida e receita.
Em nota, a Secretaria de Finanças afirma que "este governo teve
como uma das principais bandeiras a inversão de prioridades e a
recuperação da cidade". Além
disso, a prefeitura diz que fechou
as contas e cumpriu a Lei de Responsabilidade Fiscal. (PDL)
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