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OPINIÃO
"Doidão" é o poder público
PLÍNIO FRAGA
DA SUCURSAL DO RIO
O verão da gigoga é uma droga.
Se a gigoga -erva que é- fosse
para ser fumada, o problema já
estaria resolvido na orla praiana
do Rio, como foi comprovado por
quem viveu o verão da lata.
Mas não: a gigoga é a erva que
desvenda a droga das administrações daninhas da cidade e do Estado do Rio, imersas numa lama
de incompetência para concluir
-por picuinhas dos dois lados-
um emissário submarino que
limparia o complexo da lagoa da
Barra, nascedouro das gigogas,
que se alimentam e se multiplicam na poluição de suas águas.
É preciso explicar por que, se
fosse erva para fumar, a gigoga já
teria sumido das praias cariocas?!
Ora, em um verão, 19 anos atrás,
conseguiram fazer desaparecer
do mar 20 toneladas de maconha.
Em 14 de setembro de 1987, a
DEA (agência dos EUA de combate às drogas) informou à Polícia
Federal que o iate Solano Star, de
bandeira panamenha, aproximava-se da costa brasileira, com
mais de 20 toneladas de "cannabis
indica", da qual se extrai o haxixe.
Para se livrarem do flagrante, os
tripulantes jogaram na costa entre
Rio e São Paulo cerca de 20 mil latas, com 1,5 kg de maconha prensada com mel e glicose cada uma.
As correntes espalharam latas da
Ilha Grande à Ilha Bela.
1987 foi o ano do verão enfumaçado, quando uma espécie de
"foggy" abateu-se sobre o posto 9.
Houve gente que acordava às 5h,
pegava a prancha e rumava em direção às águas antes da arrebentação, esperando uma lata. Teve
gente que simplesmente tropeçou
na lata sem fazer esforço nenhum,
procurando a bola de frescobol.
A polícia só recuperou 2.500 latas. As outras 17.500 latas foram
tiradas do mar por mãos, braços e
pernas mais empenhados.
Se Cesar Maia, Rosinha Matheus e Anthony Garotinho não
fumarem o cachimbo da paz e
não conseguirem concluir o emissário submarino que livre o Rio
dessa droga toda, a solução é convocar essa gente bronzeada do verão de 1987 para mostrar o seu valor. Ela pode ser formada hoje por
responsáveis pais de família, mas
provavelmente ainda mais ligados do que o prefeito, a governadora e o presidenciável.
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