São Paulo, quarta-feira, 01 de fevereiro de 2006

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OPINIÃO

"Doidão" é o poder público

PLÍNIO FRAGA
DA SUCURSAL DO RIO

O verão da gigoga é uma droga. Se a gigoga -erva que é- fosse para ser fumada, o problema já estaria resolvido na orla praiana do Rio, como foi comprovado por quem viveu o verão da lata.
Mas não: a gigoga é a erva que desvenda a droga das administrações daninhas da cidade e do Estado do Rio, imersas numa lama de incompetência para concluir -por picuinhas dos dois lados- um emissário submarino que limparia o complexo da lagoa da Barra, nascedouro das gigogas, que se alimentam e se multiplicam na poluição de suas águas.
É preciso explicar por que, se fosse erva para fumar, a gigoga já teria sumido das praias cariocas?! Ora, em um verão, 19 anos atrás, conseguiram fazer desaparecer do mar 20 toneladas de maconha.
Em 14 de setembro de 1987, a DEA (agência dos EUA de combate às drogas) informou à Polícia Federal que o iate Solano Star, de bandeira panamenha, aproximava-se da costa brasileira, com mais de 20 toneladas de "cannabis indica", da qual se extrai o haxixe.
Para se livrarem do flagrante, os tripulantes jogaram na costa entre Rio e São Paulo cerca de 20 mil latas, com 1,5 kg de maconha prensada com mel e glicose cada uma. As correntes espalharam latas da Ilha Grande à Ilha Bela.
1987 foi o ano do verão enfumaçado, quando uma espécie de "foggy" abateu-se sobre o posto 9. Houve gente que acordava às 5h, pegava a prancha e rumava em direção às águas antes da arrebentação, esperando uma lata. Teve gente que simplesmente tropeçou na lata sem fazer esforço nenhum, procurando a bola de frescobol.
A polícia só recuperou 2.500 latas. As outras 17.500 latas foram tiradas do mar por mãos, braços e pernas mais empenhados.
Se Cesar Maia, Rosinha Matheus e Anthony Garotinho não fumarem o cachimbo da paz e não conseguirem concluir o emissário submarino que livre o Rio dessa droga toda, a solução é convocar essa gente bronzeada do verão de 1987 para mostrar o seu valor. Ela pode ser formada hoje por responsáveis pais de família, mas provavelmente ainda mais ligados do que o prefeito, a governadora e o presidenciável.


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