São Paulo, quarta-feira, 01 de março de 2006

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Mangueira, Império e Tijuca brilham na 2ª noite

DA SUCURSAL DO RIO
DA ENVIADA ESPECIAL AO RIO

A escalação de escolas grandes como Beija-Flor e Imperatriz Leopoldinense no desfile de domingo no Rio não adiantou. Conforme a tradição, a apresentação de segunda-feira foi superior. Mangueira, Unidos da Tijuca e Império Serrano fizeram ótimas apresentações e podem sonhar com o título. A Viradouro, que ousou em efeitos cênicos e sonoros, ganhou gritos de "é campeã".
Penúltima a entrar, o Império empolgou com o enredo sobre festas religiosas. O samba, criado por craques como Arlindo Cruz e Aloísio Machado, funcionou muito bem, assim como fantasias e alegorias feitas com materiais simples, mas bonitos. A bateria ousou fazendo coreografias, como quando os ritmistas se abaixavam e a rainha Quitéria Chagas evoluía entre eles.
Mas não será fácil para o Império superar a Unidos da Tijuca. A escola fez do seu desfile uma viagem do baticum do samba ao bate-estaca dos DJs, com suaves passagens de música clássica para falar de Mozart. A escola usou 20 carros de verdade numa alegoria alusiva à música "Fuscão Preto".
Fez sucesso um carro que usou vinis e capas de discos antigos para simular uma discoteca, onde dançarinos fantasiados de Elvis, Michael Jackson e James Brown se alternavam e DJs tocavam música eletrônica. A Tijuca fez um desfile tecnicamente perfeito e visualmente mais limpo e recordou Carnavais antigos no último setor, com alegorias que representavam a decoração da avenida Rio Branco e um carro em forma de arquibancada, na qual cerca de 200 pessoas faziam coreografias e estendiam imensas bandeiras das 14 escolas do Grupo Especial.
Antes da Tijuca, a Mocidade Independente de Padre Miguel mostrou tecnologia e luxo em suas alegorias e fantasias, mas fez um desfile morno. O duplo enredo da escola, que homenageou seus 50 anos e ainda imaginou um mundo de paz, se mostrou confuso e ineficiente. Ao citar enredos famosos da agremiação, conhecida nos melhores tempos pelas propostas futuristas, a Mocidade acabou sendo passadista.
Terceira atração de segunda-feira, a Viradouro conseguiu levantar as arquibancadas, graças principalmente à garra da escola. A arquitetura inspirou carros grandes, mas nem sempre criativos. O que homenageava Oscar Niemeyer era uma réplica do Museu de Arte Contemporânea de Niterói, mas que se erguia para fazer jus à sua forma de disco voador. Dois carros mostravam faces da favela.
A Mangueira contou com uma atuação impecável de sua bateria e a empolgação de seus 4.500 componentes. No enredo sobre o rio São Francisco, o carnavalesco Max Lopes criou um rio verde-e-rosa, fazendo com que toda ala tivesse na fantasia detalhes da ala anterior. Jamelão, 93, não demonstrou o mesmo fôlego dos anos anteriores e reclamou muito do som, que deixou seu tom de voz mais baixo do que o habitual. Brilhou também a comissão de frente, comandada por Carlinhos de Jesus. A carranca, um dos símbolos do enredo, se transformava em um barco, que passava a navegar em um mar verde-e-rosa.
O desfile atrasou muito por causa dos problemas da primeira escola, a Unidos do Porto da Pedra.
A Portela encerrou o desfile e não teve grandes problemas, apesar da chuva e de a porta-bandeira ter desfilado descalça, depois de tirar a bota em frente à comissão julgadora. O enredo "Brasil Marca a tua Cara e Mostra para o Mundo" era facilmente identificado. (AMARÍLIS LAGE, LUIZ FERNANDO VIANNA, MARIO HUGO MONKEN, PEDRO SOARES, SERGIO COSTA, SERGIO RANGEL E TALITA FIGUEIREDO)

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