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CARNAVAL 2006
Após críticas à violência e à separação de foliões, cantor se ajoelha em frente ao camarote do ministro da Cultura, que se diz sensibilizado
Carlinhos Brown pede desculpas, e Gil chora
AFRA BALAZINA
ENVIADA ESPECIAL A SALVADOR
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Depois de chamar a atenção de
Gilberto Gil para a questão da violência durante o Carnaval de Salvador e pedir o fim das cordas que
separam os foliões pagantes da
multidão, Carlinhos Brown pediu
ontem desculpas ao ministro da
Cultura, em frente ao camarote
Expresso 2222, no Farol da Barra.
"Te amo, Gil, muito obrigado,
desculpe qualquer coisa. Muito
obrigado seu [ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior, Luiz Fernando] Furlan.
Eu queria passar aqui sabe por
quê? Porque nenhum homem é
dono da verdade (...). Então eu
quero pedir perdão, também. Eu
te amo, rapaz, também somos irmãos", afirmou o cantor, durante
a madrugada.
Na seqüência, Brown desceu do
trio e começou a cantar no chão
os versos "Ó meu pai, misericórdia. Pequei, senhor, misericórdia". Ajoelhou-se em frente à varanda onde Gilberto Gil estava. O
ministro não respondeu, mas demonstrou estar muito emocionado e, logo depois, chorou.
Brown interpretou a música em
ritmo lento e, ainda, usou expressões de terreiros de candomblé.
Ontem, Gil disse que ficou sensibilizado com a homenagem feita pelo cantor e ressaltou que todas as propostas para melhorar o
Carnaval de Salvador merecem
ser analisadas. "O que nós queremos é aperfeiçoar ainda mais esta
festa de explosão coletiva."
As críticas públicas feitas por
Brown não alteraram a rotina de
Gil durante a folia. Desde o início
da festa, na última quinta-feira, o
ministro da Cultura é a personalidade mais homenageada pelos
cantores que se apresentam no
circuito Barra-Ondina.
Invariavelmente, todos os músicos que passam em cima dos trios
param em frente ao camarote e
elogiam o compositor baiano. Gil
também foi o responsável por trazer à Bahia a maior atração do
Carnaval neste ano, o vocalista
Bono, da banda irlandesa U2.
Para Brown, o Carnaval da capital baiana precisa ser mais democrático e as autoridades devem
educar o povo "o ano inteiro, e
não só sete dias por ano".
Gilberto Gil reagiu às críticas dizendo que o apartheid social
acontece em todas as partes.
Até agora, foram registradas
cinco mortes no circuito do Carnaval de Salvador -as duas últimas notificadas ontem.
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