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João Luiz Foques, o tamborim gaúcho
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O batuque surdo do tamborim de João Luiz Foques,
que atravessou décadas animando o Carnaval de Porto
Alegre a despeito da saúde
difícil, silenciou-se de repente na quinta-feira, para a tristeza dos bambas gaúchos.
A vida começou no batente
para o gaúcho nascido em
Porto Alegre, que perdeu o
pai ainda criança. Filho único, acompanhou a mãe nas
casas de família onde fazia
faxina. Desde cedo gostava
de Carnaval, "quando andava
metido sempre na dita "colônia africana'".
Com seu 1,60 m de altura,
o negro grisalho de sorriso
difícil, "sempre de terno e
gravata, mesmo no calor do
Carnaval", subiu na vida. Começou como office-boy em
um banco, virou porteiro e se
aposentou como bancário.
Mas seu grande orgulho
"era ter introduzido o tamborim no Carnaval de Porto
Alegre", lá nos idos de 1950,
quando fundou, com amigos,
a escola Embaixadores do
Ritmo. Foi presidente do
conselho dos Bambas da Orgia e um dos fundadores da
associação de escolas, a Aecpars, sendo o primeiro procurador.
Mas Foques "não dançava
ou sambava", pouco sorria e
quase nada dizia enquanto
não acabasse a festa. "Aquilo
era sério, era a vida dele."
Foram sete anos de derrames e isquemias sucessivas,
até que morreu na terça, em
Porto Alegre, aos 78 anos, de
infecção generalizada. Deixou três filhos, um neto e a
viúva Yeda, triste mas orgulhosa do título dado ao marido pelas escolas gaúchas: "cidadão do samba".
obituario@folhasp.com.br
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