São Paulo, sábado, 01 de março de 2008

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João Luiz Foques, o tamborim gaúcho

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O batuque surdo do tamborim de João Luiz Foques, que atravessou décadas animando o Carnaval de Porto Alegre a despeito da saúde difícil, silenciou-se de repente na quinta-feira, para a tristeza dos bambas gaúchos.
A vida começou no batente para o gaúcho nascido em Porto Alegre, que perdeu o pai ainda criança. Filho único, acompanhou a mãe nas casas de família onde fazia faxina. Desde cedo gostava de Carnaval, "quando andava metido sempre na dita "colônia africana'".
Com seu 1,60 m de altura, o negro grisalho de sorriso difícil, "sempre de terno e gravata, mesmo no calor do Carnaval", subiu na vida. Começou como office-boy em um banco, virou porteiro e se aposentou como bancário.
Mas seu grande orgulho "era ter introduzido o tamborim no Carnaval de Porto Alegre", lá nos idos de 1950, quando fundou, com amigos, a escola Embaixadores do Ritmo. Foi presidente do conselho dos Bambas da Orgia e um dos fundadores da associação de escolas, a Aecpars, sendo o primeiro procurador.
Mas Foques "não dançava ou sambava", pouco sorria e quase nada dizia enquanto não acabasse a festa. "Aquilo era sério, era a vida dele."
Foram sete anos de derrames e isquemias sucessivas, até que morreu na terça, em Porto Alegre, aos 78 anos, de infecção generalizada. Deixou três filhos, um neto e a viúva Yeda, triste mas orgulhosa do título dado ao marido pelas escolas gaúchas: "cidadão do samba".


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