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Cursinho infla número de aprovados
Instituições divulgam aprovações com base apenas em estimativa, incluem ex-alunos e não comprovam dados
Divulgados por meio de anúncios, números são uma das armas para atrair estudantes que querem se preparar para o vestibular
RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Cursinhos pré-vestibulares
de São Paulo inflam a sua lista
de aprovações como estratégia
de marketing. Entre os recursos que adotam estão divulgar o
número de aprovações com base apenas em estimativa, incluir ex-alunos que foram para
o cursinho concorrente e, ainda, anunciar ser responsável
pela aprovação de milhares,
mas sem comprovar os dados.
Em comum, a maioria atribui
a si o título de recordista em
aprovações, embora não haja
informações que permitam
comparação entre cursinhos.
Divulgados por meio de anúncios, cartazes e sites, os números são uma das armas para
atrair alunos interessados em
passar no vestibular.
Há pré-vestibulares que incluem na sua lista de aprovados
alunos de colégios que adotam
seu material didático. Quem estuda no Arquidiocesano-SP,
por exemplo, aparece na relação do Anglo.
Estimativa
Já o CPV inclui alunos que
não foram aprovados. Assim
que a Fundação Getúlio Vargas
divulgou sua primeira chamada, o cursinho enumerou, em
seu site, 35 aprovados em direito. Mas eram 16.
Segundo Paulo Lima, coordenador do cursinho, o CPV
chegou ao número de 35 aprovados por meio de uma estimativa baseada no total de convocados do vestibular anterior.
Ele parte do pressuposto de
que haverá desistências entre
os aprovados, o que abre espaço
para novos convocados -entre
eles, os alunos do CPV.
"É certeza que a lista [de
aprovados] "roda". No ano passado, "rodou" até a última chamada", disse. "Rodar a lista"
significa que nem todas as vagas foram preenchidas pelos
candidatos aprovados -em geral, porque optaram por outra
universidade.
"Está na quinta chamada e
temos 30 convocados do CPV
até agora", afirmou o coordenador do cursinho.
Quem relata ter aprovado
mais é o Objetivo. Anúncio publicitário ("recorde de aprovações") diz que são 54.215 aprovações -348 primeiros lugares.
O Objetivo, procurado desde
o dia 8 de fevereiro, não respondeu à Folha como compõe as
aprovações nem em quais universidades estão seus primeiros colocados no vestibular.
O Intergraus colocou o nome
de Caynã Rudá das Neves Cândido na relação de aprovados
na FGV em seu site.
Quando passou na FGV, porém, o aluno estava no principal concorrente do cursinho, o
CPV. Caynã chegou a estudar
no Intergraus, mas só em parte
do ano. "Estava errado, realmente. Usamos a base de matriculados no início do ano
[2009], quando ele passou por
aqui. O nome já foi retirado da
lista", diz Jorge Ovando, gerente de marketing do Intergraus.
Já o Etapa orientou um aluno aprovado no ITA a procurar
o Poliedro e pedir que este cursinho retirasse o nome dele da
sua relação. O aluno havia estudado três anos no Etapa, mas,
ao passar no ITA, estava no Poliedro. As duas partes confirmam a história.
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