São Paulo, quinta-feira, 01 de abril de 2004

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TRÁFICO

Foram detidas nove pessoas acusadas de vender no Rio de Janeiro droga trazida do Paraguai; Justiça bloqueia bens

Presa quadrilha especializada em maconha

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

A polícia fluminense prendeu ontem, em quatro Estados, nove pessoas acusadas de integrar uma quadrilha especializada no envio de maconha paraguaia para o Rio de Janeiro. Foi apreendida uma carga de 220 kg da droga.
A ação, batizada de Operação Ciclone, contou com o apoio das polícias de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Maranhão, onde ocorreram prisões. O chefe do grupo continua foragido.
A investigação da Cinpol (Coordenadoria de Inteligência da Polícia Civil) mostra que a maconha produzida no Paraguai entrava pelo município fronteiriço de Ponta Porã (MS) e passava por São Paulo antes de chegar ao Rio.
A favela do Jacarezinho (zona norte) era o destino das cargas. A partir dali a maconha seguia para as principais favelas dominadas pela facção criminosa CV (Comando Vermelho), bairros da zona sul e municípios da região dos lagos (litoral fluminense), como Búzios, Cabo Frio e Saquarema.
Até a conclusão desta edição, a polícia ainda procurava seis suspeitos de integrar o grupo. Eles tiveram mandados de prisão expedidos pela Justiça.
A polícia começou a investigar a quadrilha em outubro a partir da apreensão de 400 kg de maconha no Jacarezinho e da prisão do estudante Marcelo Jordan em Copacabana (zona sul). Ele foi acusado de guardar 120 kg da droga. Os policiais descobriram que a maconha tinha a mesma origem.
Com autorização da Justiça, os integrantes do grupo foram monitorados por escuta telefônica.
De acordo com o secretário estadual de Segurança Pública, Anthony Garotinho, um dos financiadores da quadrilha, Valdecir Raimundo Gomes do Prado, foi preso em um hotel em São Paulo. A prisão foi efetuada de manhã pelo chefe da Polícia Civil, Álvaro Lins. Com Prado, foram apreendidos R$ 50 mil, disse Garotinho.
O secretário afirmou que Prado é sócio do empresário Rogério Siqueira Azambuja, apontado como o líder do grupo e radicado no Maranhão. A polícia tinha informações de que Azambuja também estaria no hotel, mas ele não foi encontrado.
Em Ponta Porã foi preso Aral Matoso que, segundo as investigações, era responsável pela compra da droga no Paraguai e pela movimentação bancária da quadrilha. A polícia também esteve no Mato Grosso, mas não prendeu as pessoas procuradas.
Outra prisão ocorreu em São Luís (MA). Na cidade, foi preso Douglas Lafayete Julião, que também seria sócio de Azambuja e dono de uma casa de câmbio. Com ele, foram apreendidos US$ 23 mil, segundo a polícia.
No Jacarezinho, foram presos Roberto Carlos Gomes, o Neném, e Suene Souza Alcântara. A polícia informou que, com os presos, havia 220 kg da droga e uma pequena quantidade de haxixe.
No Flamengo (zona sul), foi preso o universitário Alexandre Ungaretti Nassif. Segundo a Cinpol, ele distribuía a maconha em bairros da zona sul por meio de um serviço de disque-drogas. Outros três pessoas foram presas em Saquarema (a 80 km do Rio).
Garotinho disse que a Justiça autorizou o seqüestro dos bens e o bloqueio das contas de todos os acusados.

Outro lado
A Agência Folha tentou localizar em São Luís o advogado de Julião, Jair Ricci. Foi deixado um recado em sua caixa postal, que não foi respondido até a conclusão desta edição.
A Secretaria de Segurança Pública do Mato Grosso do Sul não informou onde Aral Matoso estava detido nem se ele estava sendo acompanhado por um advogado.
Também não foram encontrados os advogados dos demais detidos na ação policial.


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