São Paulo, sexta-feira, 01 de abril de 2005

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BNDES vai interpelar Eletropaulo e prefeitura sobre corte de luz em SP

DA SUCURSAL DO RIO

DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Guido Mantega, disse que vai interpelar judicialmente o secretário municipal de Finanças de São Paulo, Mauro Ricardo Machado Costa, e a Eletropaulo sobre a acusação de que o banco teria influenciado a empresa a cortar o fornecimento de energia elétrica em 85 prédios da Prefeitura de São Paulo, que ficaram sem luz anteontem.
Mantega chegou a anunciar, em entrevista, no início da tarde, que interpelaria também o prefeito de São Paulo, José Serra. Ele disse que reconsiderou a idéia depois que o prefeito lhe telefonou, no meio da tarde, negando ter acusado o banco de instigar o corte de luz. Mantega afirmou que havia sido informado de que Serra acusara o BNDES de influenciar no corte durante uma entrevista, ontem, pela manhã. "Achei que havia uma calúnia e que o BNDES estava sendo denegrido." Segundo ele, Serra confirmou ter dito que a Eletropaulo agira politicamente, mas negou ter acusado o banco de influenciar na decisão.
Irritado com as insinuações do PSDB paulista de que o banco tenha dificultado a aprovação de empréstimos ao governo de São Paulo por causa da eleição presidencial em 2006 e, agora, de que tenha havido conotação política no corte de luz à prefeitura, Mantega disse que a Eletropaulo foi beneficiada com recursos públicos federais no governo FHC, e não no governo Lula. "A Eletropaulo deveria ser grata ao PSDB e dar algum privilégio ao Serra." Ele voltou a negar que exista orientação do governo Lula para que o BNDES dificulte a aprovação de empréstimos ao governo de São Paulo. O governo estadual reivindica empréstimo de R$ 390 milhões para a expansão do Metrô da capital paulista e ainda que o banco converta R$ 1,2 bilhão de dividas da Cesp (Companhia de Energia de São Paulo) em participação acionária na companhia. Segundo Mantega, o caso do Metrô está sendo examinado, mas o pedido em relação à Cesp ultrapassa a alçada do banco.
Serra endureceu o discurso contra a Eletropaulo, acusando-a de não agir igual com a ex-prefeita Marta Suplicy (PT) -os atrasos no pagamento das contas vêm desde outubro- pelo fato de ter sido socorrida pelo BNDES, sob comando do presidente Lula.
Cumprindo agenda ontem em Santo André (Grande SP), Marta ironizou as afirmações de Serra. Para ela, o tucano está acreditando em "teoria da conspiração". A Eletropaulo não quis comentar as declarações de Serra. Ontem à noite, uma nota divulgada pela empresa dizia que a luz nos prédios atingidos pelo corte tinha sido restabelecida.


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