São Paulo, domingo, 01 de abril de 2007

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VÍTIMAS DA CRISE

Passageiro morre de infarto após aguardar mais de 12 h

Luiz Mosca, 54, passou mal enquanto esperava vôo em aeroporto do Paraná

Apesar do fim da greve, aeroportos do país registraram filas, atrasos e cancelamentos; situação melhorou ao longo do dia

DA AGÊNCIA FOLHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA SUCURSAL DO RIO

O passageiro Luiz Fernando Mosca, 54, morreu de infarto ontem de manhã em um hospital de Curitiba, depois de passar mal no aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais, à espera do vôo para Porto Alegre.
A Infraero, a Gol e o hospital Santa Cruz, de Curitiba, confirmaram a morte, mas não forneceram mais informações. A reportagem apurou que Mosca aguardava o embarque desde anteontem à tarde.
Segundo a Infraero, uma ambulância foi destacada às 6h05, a pedido do posto médico do aeroporto. Mosca foi levado para o hospital, mas morreu durante o atendimento.
Apesar do fim da greve dos operadores de vôo, os aeroportos do país ainda registravam filas, atrasos e cancelamentos de vôos ontem. A situação esteve bastante complicada de manhã, mas foi melhorando ao longo do dia -em Congonhas (SP), a forte chuva atrapalhou as operações, que ficaram suspensas das 17h14 às 18h25.
Para os passageiros, sobrou aborrecimento. Muitos passaram a noite no saguão. Crianças dormiram no chão e paletó virou cobertor. "Assim não é possível viajar neste país", reagiu o comerciante Valdir Maia, que tentava seguir de Fortaleza para São Paulo -seu vôo fora cancelado na sexta-feira.
No aeroporto Antônio Carlos Jobim, no Rio, o caos se prolongou por toda a madrugada e manhã. Cerca de 500 pessoas dormiram nos corredores. Houve até disputa por assentos. De manhã, as filas para embarque eram de 200 m.
Um grupo de 95 argentinos que visitava Búzios e embarcaria para Córdoba anteontem às 20h30 pela Gol pedia de manhã a presença de um representante do consulado. "Crianças e senhoras dormiram no chão. É lamentável. Não serviram nem um copinho de água", reclamou a economista Saran Marta.
Resignado, o empresário Felipe Lopes usou sua pasta como travesseiro, o paletó como cobertor e dormiu no corredor. Seu vôo para Maceió estava previsto para às 19h30 de anteontem, mas foi remarcado para 21h30 de ontem.
Em Brasília, passageiros relataram que um grupo de cerca de 30 pessoas tentou invadir, por volta das 11h, um avião da TAM que já estava na pista e partiria para Belo Horizonte.
Em média, quem pretendia embarcar ficava três horas de pé na fila. Muitos passageiros bateram boca com as atendentes. Disseram não ter recebido auxílio por terem sido obrigados a passar a noite em Brasília.
"Vim de manhã para voltar de noite [na sexta]. Não tenho uma muda de roupa. Por minha conta, tive que passar uma noite no hotel e até agora não sei de nada", afirmou, aos prantos, a consultora Mara Lutke, que tentava voltar para Curitiba.
Nenhum político passou pelo aeroporto ontem.


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