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VÍTIMAS DA CRISE
Passageiro morre de infarto após aguardar mais de 12 h
Luiz Mosca, 54, passou mal enquanto esperava vôo em aeroporto do Paraná
Apesar do fim da greve, aeroportos do país registraram filas, atrasos e cancelamentos; situação melhorou ao longo do dia
DA AGÊNCIA FOLHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA SUCURSAL DO RIO
O passageiro Luiz Fernando
Mosca, 54, morreu de infarto
ontem de manhã em um hospital de Curitiba, depois de passar
mal no aeroporto Afonso Pena,
em São José dos Pinhais, à espera do vôo para Porto Alegre.
A Infraero, a Gol e o hospital
Santa Cruz, de Curitiba, confirmaram a morte, mas não forneceram mais informações. A reportagem apurou que Mosca
aguardava o embarque desde
anteontem à tarde.
Segundo a Infraero, uma ambulância foi destacada às 6h05,
a pedido do posto médico do
aeroporto. Mosca foi levado para o hospital, mas morreu durante o atendimento.
Apesar do fim da greve dos
operadores de vôo, os aeroportos do país ainda registravam
filas, atrasos e cancelamentos
de vôos ontem. A situação esteve bastante complicada de manhã, mas foi melhorando ao
longo do dia -em Congonhas
(SP), a forte chuva atrapalhou
as operações, que ficaram suspensas das 17h14 às 18h25.
Para os passageiros, sobrou
aborrecimento. Muitos passaram a noite no saguão. Crianças
dormiram no chão e paletó virou cobertor. "Assim não é possível viajar neste país", reagiu o
comerciante Valdir Maia, que
tentava seguir de Fortaleza para São Paulo -seu vôo fora cancelado na sexta-feira.
No aeroporto Antônio Carlos
Jobim, no Rio, o caos se prolongou por toda a madrugada e
manhã. Cerca de 500 pessoas
dormiram nos corredores.
Houve até disputa por assentos. De manhã, as filas para embarque eram de 200 m.
Um grupo de 95 argentinos
que visitava Búzios e embarcaria para Córdoba anteontem às
20h30 pela Gol pedia de manhã
a presença de um representante do consulado. "Crianças e senhoras dormiram no chão. É lamentável. Não serviram nem
um copinho de água", reclamou
a economista Saran Marta.
Resignado, o empresário Felipe Lopes usou sua pasta como
travesseiro, o paletó como cobertor e dormiu no corredor.
Seu vôo para Maceió estava
previsto para às 19h30 de anteontem, mas foi remarcado
para 21h30 de ontem.
Em Brasília, passageiros relataram que um grupo de cerca
de 30 pessoas tentou invadir,
por volta das 11h, um avião da
TAM que já estava na pista e
partiria para Belo Horizonte.
Em média, quem pretendia
embarcar ficava três horas de
pé na fila. Muitos passageiros
bateram boca com as atendentes. Disseram não ter recebido
auxílio por terem sido obrigados a passar a noite em Brasília.
"Vim de manhã para voltar
de noite [na sexta]. Não tenho
uma muda de roupa. Por minha
conta, tive que passar uma noite no hotel e até agora não sei
de nada", afirmou, aos prantos,
a consultora Mara Lutke, que
tentava voltar para Curitiba.
Nenhum político passou pelo
aeroporto ontem.
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