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"É difícil explicar o inexplicável", diz Sobel
O rabino, que foi detido nos EUA acusado de furtar gravatas de grifes famosas, pediu desculpas ontem
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
O rabino Henry I. Sobel classificou ontem como "inexplicável" o furto de gravatas de grifes
famosas que o levou a ser detido nos Estados Unidos. "O
Henry Sobel que cometeu
aquele ato não é o Henry Sobel
que vocês conhecem."
Sobel, 63, pediu desculpas
pelos "transtornos" que causou
e afirmou que tomou medicamentos sem recomendação
médica.
O rabino foi detido no último
dia 23 em West Palm Beach,
Estado da Flórida, acusado de
furtar gravatas no valor de U$
680 (R$ 1.390).
O rabino fez ontem um comunicado no auditório do hospital Albert Einstein (zona oeste de São Paulo), onde está internado desde anteontem para
tratamento de transtorno de
humor e de alterações no comportamento, segundo boletins
divulgados pela instituição.
Não há previsão de alta.
Trajando um robe do hospital, Sobel não citou diretamente o furto, mas disse que "é muito difícil para mim explicar o
inexplicável. Não possuo os conhecimentos científicos e psicológicos para compreender,
explicar e, menos ainda, justificar aquilo que aconteceu".
Na quinta, quando a notícia
da prisão foi divulgada, ele declarou ao site G1 que a informação era "fantasiosa". No mesmo
dia, à noite, o rabino emitiu nota dizendo "jamais tive a intenção de furtar qualquer objeto
em toda a minha vida. Pessoalmente, estou habituado a enfrentar crises e acusações de
que posso me defender".
Ele pediu afastamento temporário do cargo de presidente
do rabinato da Congregação Israelita Paulista (CIP).
Medicação
Ontem, Sobel disse que tomou medicamentos sem recomendação médica. Ao pedir
desculpas pelos transtornos,
ele dirigiu-se principalmente
ao seu médico, Flavio Huck,
que estava presente.
Huck, que é neurologista,
afirmou que o rabino vem tomando medicamentos para estabilizar o seu funcionamento
psíquico, "no sentido de evitar
altos e baixos". O tratamento
começou antes da detenção.
No boletim divulgado anteontem, o hospital informou
que Sobel vinha fazendo uso de
hipnóticos e diazepínicos, que
podem causar confusão mental
e amnésia. Segundo Huck, indivíduos com transtorno de humor alternam momentos de
tristeza e de grande excitação.
"Estou em fase de recuperação. Há alguns meses, estou tomando medicamentos relativamente fortes", disse Sobel, que
agradeceu ao hospital e à CIP.
Sobel encerrou o comunicado afirmando que pretende
"continuar a defender todos os
valores morais e éticos que
sempre defendi, como judeu,
como homem e como rabino".
O hospital informou, por
meio de um boletim médico,
que o rabino permanece em
tratamento clínico, fazendo
uso de medicamentos estabilizadores. O texto afirma que "a
evolução vem sendo favorável e
não há previsão de alta".
Ditadura
Sobel ficou conhecido no
Brasil em 1975, quando se negou a sepultar como suicida o
jornalista Vladimir Herzog, assassinado pelo regime militar.
O episódio foi um dos mais duros golpes na ditadura e um
marco da aproximação do rabino com a Igreja Católica.
Sobel é um defensor da aproximação entre as religiões, incluindo judeus e muçulmanos.
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