São Paulo, domingo, 01 de abril de 2007

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"É difícil explicar o inexplicável", diz Sobel

O rabino, que foi detido nos EUA acusado de furtar gravatas de grifes famosas, pediu desculpas ontem

FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL

O rabino Henry I. Sobel classificou ontem como "inexplicável" o furto de gravatas de grifes famosas que o levou a ser detido nos Estados Unidos. "O Henry Sobel que cometeu aquele ato não é o Henry Sobel que vocês conhecem."
Sobel, 63, pediu desculpas pelos "transtornos" que causou e afirmou que tomou medicamentos sem recomendação médica.
O rabino foi detido no último dia 23 em West Palm Beach, Estado da Flórida, acusado de furtar gravatas no valor de U$ 680 (R$ 1.390).
O rabino fez ontem um comunicado no auditório do hospital Albert Einstein (zona oeste de São Paulo), onde está internado desde anteontem para tratamento de transtorno de humor e de alterações no comportamento, segundo boletins divulgados pela instituição. Não há previsão de alta.
Trajando um robe do hospital, Sobel não citou diretamente o furto, mas disse que "é muito difícil para mim explicar o inexplicável. Não possuo os conhecimentos científicos e psicológicos para compreender, explicar e, menos ainda, justificar aquilo que aconteceu".
Na quinta, quando a notícia da prisão foi divulgada, ele declarou ao site G1 que a informação era "fantasiosa". No mesmo dia, à noite, o rabino emitiu nota dizendo "jamais tive a intenção de furtar qualquer objeto em toda a minha vida. Pessoalmente, estou habituado a enfrentar crises e acusações de que posso me defender".
Ele pediu afastamento temporário do cargo de presidente do rabinato da Congregação Israelita Paulista (CIP).

Medicação
Ontem, Sobel disse que tomou medicamentos sem recomendação médica. Ao pedir desculpas pelos transtornos, ele dirigiu-se principalmente ao seu médico, Flavio Huck, que estava presente.
Huck, que é neurologista, afirmou que o rabino vem tomando medicamentos para estabilizar o seu funcionamento psíquico, "no sentido de evitar altos e baixos". O tratamento começou antes da detenção.
No boletim divulgado anteontem, o hospital informou que Sobel vinha fazendo uso de hipnóticos e diazepínicos, que podem causar confusão mental e amnésia. Segundo Huck, indivíduos com transtorno de humor alternam momentos de tristeza e de grande excitação.
"Estou em fase de recuperação. Há alguns meses, estou tomando medicamentos relativamente fortes", disse Sobel, que agradeceu ao hospital e à CIP.
Sobel encerrou o comunicado afirmando que pretende "continuar a defender todos os valores morais e éticos que sempre defendi, como judeu, como homem e como rabino".
O hospital informou, por meio de um boletim médico, que o rabino permanece em tratamento clínico, fazendo uso de medicamentos estabilizadores. O texto afirma que "a evolução vem sendo favorável e não há previsão de alta".

Ditadura
Sobel ficou conhecido no Brasil em 1975, quando se negou a sepultar como suicida o jornalista Vladimir Herzog, assassinado pelo regime militar. O episódio foi um dos mais duros golpes na ditadura e um marco da aproximação do rabino com a Igreja Católica.
Sobel é um defensor da aproximação entre as religiões, incluindo judeus e muçulmanos.


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