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Limitação física afeta 29% dos brasileiros
Cresce a parcela da população com 14 anos ou mais que tem dificuldade para realizar tarefas cotidianas, como tomar banho sozinho
Dados do IBGE mostram
que quase 72% dos idosos têm essas restrições, mas
é entre mais jovens que
o problema cresce mais
DENISE MENCHEN
FÁBIO GRELLET
DA SUCURSAL DO RIO
Tarefas cotidianas como tomar banho sozinho, abaixar-se,
subir escadas, empurrar uma
mesa ou caminhar por mais de
1 km têm se tornado difíceis para cada vez mais brasileiros.
No país, cerca de 42 milhões
de pessoas com 14 anos ou mais
enfrentam ao menos um pequeno grau de dificuldade para realizar tarefas cotidianas como essas, o que representa 29,1% da
população nessa faixa etária.
Os dados, de 2008, são do suplemento de saúde da Pnad
(Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílio), divulgado ontem
pelo IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística). Em
2003, 26,2% da população brasileira tinha essas dificuldades.
O ministro da Saúde, José Gomes Temporão (PMDB), disse
que a piora de mobilidade é explicada principalmente pelo envelhecimento da população - a
taxa de fecundidade passou de
2,85 filhos por mulher em 1991
para 1,89 em 2008.
Entre as pessoas com mais de
60 anos, a parcela que declara
ter alguma dificuldade para realizar as atividades listadas pela
pesquisa chega a 71,8%. Mesmo
tarefas mais básicas como alimentar-se ou ir ao banheiro representam um desafio para
15,2% dos idosos, contra 13,5%
em 2003.
Diferente de milhões de pessoas na sua faixa etária, a aposentada Maria Luiza Figueiredo,
moradora de Copacabana (zona
sul do Rio), ainda não sente o peso de seus 75 anos. "Faço exercícios ao ar livre quatro vezes por
semana. Nunca descuidei da forma física, sempre me preocupei
em me exercitar."
Muitos jovens, porém, não seguem esse exemplo. Proporcionalmente, foi na faixa dos 14 aos
19 anos que o problema da mobilidade mais aumentou. De 2003
a 2008, a parcela dos que relataram dificuldades para cumprir
ao menos uma das atividades
propostas aumentou 23% (de
6% para 7,4%).
"As formas de lazer hoje são
muito pouco ativas. A TV, o
computador e o videogame em
excesso fazem com que crianças
e adolescentes se movimentem
cada vez menos", diz José Kawazoe Lazzoli, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do
Exercício e do Esporte.
Segundo o IBGE, 75,2 milhões
de pessoas assistiam à televisão
por mais de três horas por dia e
16,2 milhões passavam o mesmo
tempo usando videogames ou
computadores, apenas fora do
ambiente de trabalho. Na faixa
entre 10 e 19 anos, o percentual
que utilizava esses aparelhos
por no mínimo 180 minutos diários ultrapassou os 50%.
Há três anos, o estudante
Thiago Guerra, 25, não frequenta academia. Morando a uma
quadra da praia, também em
Copacabana, a última vez em
que praticou exercícios foi há
mais de um ano. Sua principal
diversão é o computador. "Fico
cerca de 14 horas por dia na
frente da máquina", diz. "Por
enquanto estou ótimo."
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