São Paulo, quinta-feira, 01 de abril de 2010

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Limitação física afeta 29% dos brasileiros

Cresce a parcela da população com 14 anos ou mais que tem dificuldade para realizar tarefas cotidianas, como tomar banho sozinho

Dados do IBGE mostram que quase 72% dos idosos têm essas restrições, mas é entre mais jovens que o problema cresce mais

DENISE MENCHEN
FÁBIO GRELLET

DA SUCURSAL DO RIO

Tarefas cotidianas como tomar banho sozinho, abaixar-se, subir escadas, empurrar uma mesa ou caminhar por mais de 1 km têm se tornado difíceis para cada vez mais brasileiros.
No país, cerca de 42 milhões de pessoas com 14 anos ou mais enfrentam ao menos um pequeno grau de dificuldade para realizar tarefas cotidianas como essas, o que representa 29,1% da população nessa faixa etária.
Os dados, de 2008, são do suplemento de saúde da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio), divulgado ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em 2003, 26,2% da população brasileira tinha essas dificuldades.
O ministro da Saúde, José Gomes Temporão (PMDB), disse que a piora de mobilidade é explicada principalmente pelo envelhecimento da população - a taxa de fecundidade passou de 2,85 filhos por mulher em 1991 para 1,89 em 2008.
Entre as pessoas com mais de 60 anos, a parcela que declara ter alguma dificuldade para realizar as atividades listadas pela pesquisa chega a 71,8%. Mesmo tarefas mais básicas como alimentar-se ou ir ao banheiro representam um desafio para 15,2% dos idosos, contra 13,5% em 2003.
Diferente de milhões de pessoas na sua faixa etária, a aposentada Maria Luiza Figueiredo, moradora de Copacabana (zona sul do Rio), ainda não sente o peso de seus 75 anos. "Faço exercícios ao ar livre quatro vezes por semana. Nunca descuidei da forma física, sempre me preocupei em me exercitar."
Muitos jovens, porém, não seguem esse exemplo. Proporcionalmente, foi na faixa dos 14 aos 19 anos que o problema da mobilidade mais aumentou. De 2003 a 2008, a parcela dos que relataram dificuldades para cumprir ao menos uma das atividades propostas aumentou 23% (de 6% para 7,4%).
"As formas de lazer hoje são muito pouco ativas. A TV, o computador e o videogame em excesso fazem com que crianças e adolescentes se movimentem cada vez menos", diz José Kawazoe Lazzoli, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte.
Segundo o IBGE, 75,2 milhões de pessoas assistiam à televisão por mais de três horas por dia e 16,2 milhões passavam o mesmo tempo usando videogames ou computadores, apenas fora do ambiente de trabalho. Na faixa entre 10 e 19 anos, o percentual que utilizava esses aparelhos por no mínimo 180 minutos diários ultrapassou os 50%.
Há três anos, o estudante Thiago Guerra, 25, não frequenta academia. Morando a uma quadra da praia, também em Copacabana, a última vez em que praticou exercícios foi há mais de um ano. Sua principal diversão é o computador. "Fico cerca de 14 horas por dia na frente da máquina", diz. "Por enquanto estou ótimo."


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