São Paulo, segunda-feira, 01 de maio de 2000


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EDUCAÇÃO

Moradora garante abastecimento e arrecada merenda para alunos

Dona-de-casa ferve água para abastecer escola

Paulo Macedo/Folha Imagem
Crianças vão de canoa para escola da ilha de Maritubinha (PA), onde água e merenda são garantidas por trabalho de uma voluntária



LUÍS INDRIUNAS
da Agência Folha, em Ananindeua

A falta de água e energia na Escola Municipal Domiciano de Farias levou a dona-de-casa Líria Tavares da Silva, 56, a cuidar pessoalmente das necessidades dos alunos. A escola fica na ilha de Maritubinha, em Ananindeua (região metropolitana de Belém).
Líria, conhecida como "dona Mocinha", mora ao lado do prédio e cuida voluntariamente para que não falte água ou comida às crianças. Os dois filtros de barro da escola são abastecidos pela água que dona Mocinha retira do seu poço e ferve no fogão à lenha.
Como também não há energia elétrica, o armazenamento dos produtos é precário. A Prefeitura de Ananindeua entrega merenda suficiente para cinco ou seis dias. Se for mais, uma parte estraga.
Quando a nova remessa atrasa, Líria reúne os moradores da ilha e vai atrás de alimento. "A gente arranja camarão, farinha, para ninguém deixar de comer."
Dona Mocinha não reclama do trabalho, que também inclui limpar a escola. Para ela, é a garantia de estudo de seus 13 netos. "Não quero que eles fiquem burros."
Apenas um professor trabalha na escola em Maritubinha, que tem 46 alunos e funciona em dois períodos. De manhã, estudam os alunos da alfabetização -1ª e 2ª séries. À tarde, da 3ª e da 4ª, quando alguns pais também assistem aula. "Não quero ficar parada", diz Vanusa Sorlande Silva Pereira, 27, com cinco filhos na escola.
Além de Maritubinha, a escola Domiciano de Farias tem uma unidade maior na ilha do Igarapé Grande, distante cerca de 90 minutos de barco da primeira.
Com 211 alunos, a unidade tem uma rede alimentada por poço artesiano e caixa d'água, construídos há dois anos pela prefeitura.
Para diretora da escola, Ana Rute Santos Alves, uma das razões para a precária infra-estrutura de Maritubinha é o pequeno número de alunos. Ela lembra que a unidade maior conseguiu recursos do Programa para Desenvolvimento da Educação por ter mais de 200 alunos.


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