São Paulo, segunda-feira, 01 de maio de 2000


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EDUCAÇÃO

Paulo Renato sustenta que problemas se concentram em pequenas escolas e afirma que governo está investindo

Ministro diz que situação melhorou

da Sucursal de Brasília

O ministro Paulo Renato de Souza (Educação) sustenta que a infra-estrutura das escolas brasileiras melhorou nos últimos anos. Segundo ele, "se esse levantamento de Internet, computador e laboratório fosse feito alguns anos atrás, não haveria nada".
Paulo Renato afirma que as 2.256 escolas públicas que receberam computadores pelo Proinfo (programa do ministério de instalação de laboratórios de informática) ainda não aparecem no levantamento de março de 99 porque os equipamentos foram instalados nos meses subsequentes.
Para este ano, porém, o programa vai contar com menos recursos que em 99 -R$ 25 milhões contra R$ 72 milhões. "Mas estamos buscando suplementação."
Sobre o acesso à Internet, Paulo Renato afirma que o ministério está firmando convênios com operadoras para universalizá-lo nas escolas públicas.
Lei abaixo trechos da entrevista:

Folha - Os dados do censo escolar de 99 mostram que, das escolas de ensino fundamental, 63 mil escolas não têm luz.
Paulo Renato Souza -
É preciso fazer um corte entre tamanho das escolas, a condição urbana/rural e o acesso aos serviços. Porque não dá para dizer "63 mil escolas não têm eletricidade". A estrutura do nosso sistema é a seguinte: nós temos cerca de 200 mil escolas; 60 mil têm mais de cem alunos. Só 20 mil têm mais de 500 alunos. Quando falamos "a rede escolar", estamos falando de 60 mil escolas. Porque nas outras 140 mil tem menos de cem alunos e a proporção de alunos é muito pequena. Em geral são escolas rurais que funcionam só durante o dia. Mas estou de acordo que, no limite, todas deverão ter inclusive um gerador, para poder funcionar com retroprojetor ou com TV Escola, que é um programa voltado para escolas com mais de cem alunos. Temos em muitos casos ajudado a financiar geradores. Essas escolas são da 1ª à 4ª série, onde a questão do recurso, como computador, Internet, etc, não é algo tão vital como numa escola da 5ª à 8ª série ou de ensino médio.

Folha - Em relação aos demais itens de infra-estrutura de escolas do ensino fundamental...
Paulo Renato -
Bibliotecas. No ano retrasado mandamos bibliotecas do professor para 20 mil escolas e biblioteca infanto-juvenil para 35 mil escolas, mas escolas com mais de cem alunos. Há 43 mil escolas de ensino fundamental com bibliotecas. Eu não acho um número pequeno, porque essas 43 mil significam que dois terços das escolas com mais de cem alunos têm biblioteca.

Folha - As escolas menores estão fadadas a não ter acesso a esse tipo de recurso?
Paulo Renato -
Não é que elas estão fadadas. Nós sabemos que uma escolinha com menos de cem alunos é uma escola pequena, é uma escola rural, então a possibilidade de termos ali todos os serviços é difícil.

Folha - Mas, mesmo entre as escolas do ensino médio, só 22% têm acesso à Internet.
Paulo Renato -
Não me surpreendo com esses números. Temos que lembrar que a questão do computador, em todo o mundo, especialmente no Brasil, é uma coisa muito recente. Ter em 22% das escolas o acesso à Internet é uma situação que está avançando. Temos o programa de informática nas escolas, que é o Proinfo. Foram colocados 33 mil computadores nas escolas. O recurso que eu tenho é o do salário-educação, que só pode ser usado em ensino fundamental.

Folha - O presidente da Undime diz que o governo deveria estabelecer piso de R$ 450 para o Fundef.
Paulo Renato -
Mais dinheiro todo mundo quer. Pergunta quanto é que a prefeitura aplica em educação. O importante é que, antes do governo Fernando Henrique Cardoso, o MEC aplicava zero no ensino fundamental.

Folha - É possível para as escolas implantarem os parâmetros curriculares do MEC com essa infra-estrutura?
Paulo Renato -
Com essa infra-estrutura de hoje não, nós temos de melhorar.


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