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Planos de saúde terão aumento de até 5,48%
Índice é o teto para reajuste dos contratos feitos a partir de 1999 e supera a inflação oficial de 12 meses acumulada até março
Aumento é o menor desde 2004; 6,2 milhões de consumidores estão sujeitos ao aumento, de acordo
com a agência de saúde
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
A ANS (Agência Nacional de
Saúde Suplementar) divulgou
ontem que o teto para reajuste
dos planos de saúde contratados a partir de janeiro de 1999
será, neste ano, de 5,48%.
É o menor índice desde 2004,
quando o percentual passou a
cair, mas ainda supera a inflação, que está, segundo o IPCA
(Índice de Preços aos Consumidor Amplo, do IBGE), em
4,73% no acumulado dos 12
meses anteriores a março.
O teto vale para planos individuais e familiares, ou seja,
não abrange os planos coletivos. Ele também não é aplicado
aos contratos assinados antes
de janeiro de 1999.
Segundo a ANS, 6,2 milhões
de consumidores (ou 12,9% do
total de 48,2 milhões de beneficiários de planos de saúde) têm
planos que se enquadram na lei
que limita os reajustes a um teto definido pela agência.
Segundo o diretor-presidente da agência, Fausto Pereira
dos Santos, o teto deste ano é
assimilável tanto para o mercado quanto para os consumidores dos planos.
"Mantemos a metodologia de
cálculo do reajuste e, com base
nela, definimos esse número.
Ele é menos de um ponto superior ao IPCA, do IBGE, mas está
abaixo de outros indicadores de
inflação, como o IGP-M [da
Fundação Getúlio Vargas]. Naturalmente, é um valor inferior
ao que as empresas gostariam,
mas achamos que é um resultado justo para atender aos anseios dos beneficiários e às necessidades das operadoras."
O presidente da Abramge
(Associação Brasileira de Medicina de Grupo), Arlindo Almeida, no entanto, classificou como "péssimo" o percentual e
diz que ele trará prejuízos ao
consumidor, pois poderá se refletir em um pior atendimento.
"É um índice que deve preocupar até os usuários, principalmente por vir associado ao
aumento da cobertura de mais
de 200 procedimentos [nova
regra que entrou em vigor neste ano]", disse Almeida.
Segundo Almeida, o reajuste
mais justo seria de pouco mais
de 10%, se fossem levados em
conta estudos feitos pelas empresas do setor, ou entre 7% e
8%, se considerada a média do
reajuste dos planos coletivos,
que é um dos indicadores que a
ANS considera ao definir o teto
para os planos individuais.
"É um balde de água gelada
nos planos individuais, que serão cada vez mais difíceis de serem comercializados por causa
desses sucessivos ajustes que
vão achatando os preços. Isso
obrigará as operadoras a reduzir custos, realizar mais auditorias nos procedimentos e dificultar o pagamento a médicos e
hospitais", diz.
Já para Daniela Trettel, advogada do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), o índice deste ano ficou
mais próximo do percentual
sempre defendido pelo órgão,
que é o do reajuste do IPCA. Ela
lembra, no entanto, que nos
anos anteriores esse percentual ficou sempre acima do índice de inflação oficial do IBGE.
"Não podemos nos iludir
com o percentual só deste ano.
Desde 2000, enquanto o IPCA
ficou acumulado em 74,9%, os
reajustes autorizados pela ANS
chegaram a 96,9%. Esse impacto no bolso do consumidor não
pode ser esquecido."
A ANS diz que os planos só
poderão ser reajustados de
acordo com a data de aniversário de cada contrato e após a
empresa obter aval da agência.
Se a data de aniversário de
um plano é maio e a empresa só
recebe autorização para o aumento três meses depois, por
exemplo, a diferença deste período poderá ser cobrada nas
próximas mensalidades.
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