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Queda da criminalidade será mais difícil daqui para frente, dizem pesquisadores
DA REPORTAGEM LOCAL
A queda nos índices de homicídios em São Paulo vai se tornar cada vez mais difícil nos
próximos anos, uma vez que esse tipo de crime alcançou um
patamar baixo, segundo afirmaram à Folha dois especialistas em segurança.
"São Paulo vinha tendo uma
queda nos homicídios ao longo
dessa última década, mas ela já
está amortecendo. Quando o
número de casos diminui, a
continuação da queda fica mais
difícil", disse o sociólogo Ignácio Cano, da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro).
Segundo a antropóloga Paula
Miraglia, diretora do Ilanud
(instituto latino-americano
das Nações Unidas para prevenção do delito e tratamento
do delinquente), o desafio do
governo será combater homicídios relacionados ao tráfico de
entorpecentes.
Segundo ela, a redução dos
últimos anos foi nos assassinatos motivados por brigas entre
conhecidos, nos desentendimentos em bares e no trânsito
e nos crimes passionais.
Isso porque o Estado conseguiu implementar a redução na
circulação de armas de fogo e o
fechamento de bares em alguns
municípios.
"Em São Paulo, o problema é
que a taxa de esclarecimento
dos homicídios é baixíssima, e
o impacto disso [na taxa de criminalidade] é direto. É preciso
agora investir em investigação
e esclarecimento dos homicídios", disse ela.
Crises
Os dois especialistas concordam que o contexto da crise
econômica não é suficiente para explicar o aumento nas estatísticas de crimes.
"Há vários estudos no Brasil
e no exterior, mas é uma questão controversa a de até que
ponto o ciclo econômico impacta o crime. A longo prazo, a
exclusão social é um dos motores do crime, mas em que medida isso afeta [os índices de criminalidade a curto prazo] ainda é uma questão aberta a debate", afirmou Cano.
"São Paulo sempre explicou a
redução dos seus indicadores
de criminalidade em função da
boa política de segurança, então não é coerente explicar a estatística de criminalidade em
função da crise", disse Paula.
Os dois também afirmaram
que a troca de Ronaldo Marzagão no cargo de secretário da
Segurança Pública por Antônio
Ferreira Pinto, no mês de março, não influenciou os índices
de criminalidade.
Segundo Paula, a rapidez
tanto na transição do cargo
quanto na substituição de dirigentes das polícias Civil e Militar colaborou para que não
houvesse impacto nas estatísticas criminais.
"Mas acho que os números
são um alerta, São Paulo tem
muitos méritos na redução de
homicídios, mas eles [os números] evidenciam que a política
de segurança tem ainda um
conjunto bem substantivo de
desafios", disse a antropóloga.
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