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Igreja reage a gafe do presidente do TJ-SP
Termo "comida de padre", usado em referência a vítimas de pedofilia, foi considerado grosseria e preconceito pela Arquidiocese de SP
Autor da declaração, feita em evento, divulgou nota em que afirma que não quis desrespeitar a igreja e as vítimas de pedofilia
JULIANNA GRANJEIA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A Igreja Católica reagiu ontem ao termo "comida de padre", usado pelo presidente do
TJ (Tribunal de Justiça) de São
Paulo, Antonio Carlos Viana
Santos, para se referir às vítimas de abusos sexuais por parte de sacerdotes.
Antônio Aparecido Pereira,
vigário da Pastoral da Comunicação da Arquidiocese de São
Paulo, disse que a expressão é
grosseira e preconceituosa.
Anteontem, Viana Santos
disse que as vítimas de pedofilia, em cidades pequenas, ficam
rotuladas como "comida de padre". "A forma como ele tratou
o papa e a pedofilia não fica
bem para um magistrado que
está à frente de um Tribunal de
Justiça", disse o vigário.
A declaração do presidente
do TJ-SP, reproduzida no jornal "O Estado de S. Paulo", foi
dada durante a abertura do Fórum Internacional de Justiça,
que terá a pedofilia entre os temas do debate.
Ele afirmou que a Justiça encontra dificuldades nesses casos, pois a vítima não denuncia
e sofre preconceito. "Desculpe
o termo, são todos maiores,
mas já imaginou numa cidade
de 100 mil habitantes: "Ah,
aquele lá é comida de padre".
Então ele se retrai, se esconde",
disse o magistrado no evento.
Para o vigário, houve um pré-julgamento de Viana Santos.
"Toda a igreja de São Paulo e do
Brasil se sente ferida. O que a
igreja quer é que se rompa o silêncio, não está escondendo casos nem obstruindo a Justiça."
Por meio de nota divulgada
ontem, Viana Santos disse que
a termo foi retirado do contexto e, por isso, reconhece que ficou ofensivo e grosseiro. "[A
frase] foi dita quando fui indagado sobre as indenizações hoje pagas pela Igreja Católica às
vítimas de pedofilia em casos
ocorridos há 30, 40 anos, especialmente em Boston [EUA]."
Ele reforçou ainda que não
tem "desconhecimento ou desrespeito ao trabalho da Igreja
Católica (...) e preconceito contra vítimas de pedofilia".
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