São Paulo, sábado, 01 de maio de 2010

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Igreja reage a gafe do presidente do TJ-SP

Termo "comida de padre", usado em referência a vítimas de pedofilia, foi considerado grosseria e preconceito pela Arquidiocese de SP

Autor da declaração, feita em evento, divulgou nota em que afirma que não quis desrespeitar a igreja e as vítimas de pedofilia

JULIANNA GRANJEIA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A Igreja Católica reagiu ontem ao termo "comida de padre", usado pelo presidente do TJ (Tribunal de Justiça) de São Paulo, Antonio Carlos Viana Santos, para se referir às vítimas de abusos sexuais por parte de sacerdotes.
Antônio Aparecido Pereira, vigário da Pastoral da Comunicação da Arquidiocese de São Paulo, disse que a expressão é grosseira e preconceituosa.
Anteontem, Viana Santos disse que as vítimas de pedofilia, em cidades pequenas, ficam rotuladas como "comida de padre". "A forma como ele tratou o papa e a pedofilia não fica bem para um magistrado que está à frente de um Tribunal de Justiça", disse o vigário.
A declaração do presidente do TJ-SP, reproduzida no jornal "O Estado de S. Paulo", foi dada durante a abertura do Fórum Internacional de Justiça, que terá a pedofilia entre os temas do debate.
Ele afirmou que a Justiça encontra dificuldades nesses casos, pois a vítima não denuncia e sofre preconceito. "Desculpe o termo, são todos maiores, mas já imaginou numa cidade de 100 mil habitantes: "Ah, aquele lá é comida de padre". Então ele se retrai, se esconde", disse o magistrado no evento.
Para o vigário, houve um pré-julgamento de Viana Santos. "Toda a igreja de São Paulo e do Brasil se sente ferida. O que a igreja quer é que se rompa o silêncio, não está escondendo casos nem obstruindo a Justiça."
Por meio de nota divulgada ontem, Viana Santos disse que a termo foi retirado do contexto e, por isso, reconhece que ficou ofensivo e grosseiro. "[A frase] foi dita quando fui indagado sobre as indenizações hoje pagas pela Igreja Católica às vítimas de pedofilia em casos ocorridos há 30, 40 anos, especialmente em Boston [EUA]."
Ele reforçou ainda que não tem "desconhecimento ou desrespeito ao trabalho da Igreja Católica (...) e preconceito contra vítimas de pedofilia".


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