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São Paulo, domingo, 01 de junho de 2003

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Mãe demora para mover ação na Justiça

DA AGÊNCIA FOLHA, EM ESCADA

Os resultados dos exames patrocinados pelo projeto "DNA Já" revelam que a maioria das mães conhece a identidade dos pais de seus filhos, mas, por muitas vezes prefere aguardar até vários anos a oportunidade de mover na Justiça uma ação de investigação de paternidade.
Dos 43 testes de DNA realizados pelo programa, 37 foram confirmados. Há pelo menos um caso de um homem que se submeteu a dois exames reivindicados por mulheres diferentes, com resultados positivos. Os filhos, já adultos, foram assumidos pelo pai.
"A verdade é que o tempo vai passando, e a gente acaba se acomodando com a situação", diz a escriturária Ilda de Carvalho Silva, 35, que mora em Ribeirão, cidade vizinha a Escada.
Mãe de uma adolescente de 14 anos, ela só decidiu reivindicar a paternidade da filha há cinco anos, quando o desemprego se juntou à insistência da garota, que se sentia discriminada.
"Minha filha sempre soube de tudo, mas só fui à Justiça quando vi que não teria condições de mantê-la", afirmou.
O processo, entretanto, ficou parado porque Silva não conseguia pagar um exame de DNA, e o suposto pai se recusava a custear o teste.
Em 2002, ela procurou o projeto "DNA Já" e conseguiu realizar a perícia no mesmo ano. O resultado saiu em 20 dias e foi positivo. A sentença saiu seis meses depois, mas o suposto pai recorreu, exigindo uma contraprova.
"Faço todos os exames que ele quiser", disse a mulher, que, apesar de ainda não receber ajuda financeira, já conseguiu registrar a filha com o sobrenome do pai.
A fiandeira Maria da Silva Santos, 35, também conseguiu comprovar a paternidade de sua filha de 4 anos, mas, assim como a escriturária, ainda não obteve ajuda financeira para criar a menina.
"Agora, é só questão de tempo", diz ela, que se casou há dois anos e espera o segundo filho.
A dona-de-casa Léia Ferreira da Silva, 25, concorda com a fiandeira. Um mês após obter a paternidade do filho de 4 anos, ela começou a receber pensão de R$ 80.
"É pouco, mas é importante para quem não tem renda nenhuma", afirma a mulher.
No escritório da advogada idealizadora do programa, Maria Barbosa da Silva, o movimento de mulheres e crianças é grande durante todo o dia.
Algumas, como a professora Rosa de Fátima de Abreu, 38, acreditam que ali terão uma chance para reabrir seus processos parados há anos na Justiça.
A professora moveu uma ação de investigação de paternidade há 15 anos, quando seu filho completou um ano de vida.
Nesse período, houve pouco avanço. Há três meses, ela decidiu procurar o projeto. Seu processo, agora, já está em fase de tentativa de conciliação. Se não houver acordo, ela terá o exame de DNA custeado pelo programa.



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