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SAÚDE
Mãe biológica da criança nasceu sem útero, mas ovulava; por ano, pelo menos cinco bebês nascem por meio dessa técnica
Nasce em BH bebê gerado pela avó paterna
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
MAURO ALBANO
DA AGÊNCIA FOLHA
Ela foi fecundada no laboratório
e gerada no útero da avó paterna.
Ao nascer, foi para os braços da
mãe biológica, que, imediatamente, passou a amamentá-la. Assim
começa a história da mineirinha
Bianca, que nasceu anteontem em
uma maternidade em Nova Lima,
região metropolitana de Belo Horizonte (MG).
A mãe biológica de Bianca, Veridiana do Vale Menezes, 30, nasceu sem útero e com ovários perfeitos. Após tratamento de reprodução assistida, seu óvulo foi extraído e fecundado com o espermatozóide do marido, Fabiano de
Menezes, 30, no laboratório.
O embrião foi transferido para o
útero da sogra de Veridiana, Elizabeth Sales, 53, mãe de dois filhos e sem netos. "Foi uma gravidez que exigiu uma vigilância
maior por causa da idade, mas tudo correu bem e o parto foi tranqüilo", disse o ginecologista e obstetra Garibalde Mortoza Júnior,
que realizou o parto.
Enquanto Bianca crescia na barriga de Elizabeth, Veridiana fazia
um tratamento para estimular a
lactação. Duas semanas antes do
parto, a mãe biológica já produzia
leite e agora é ela quem amamenta
o bebê. Elizabeth, que também
tem leite, diz que vai doá-lo para
uma maternidade.
A clínica Pró-Criar, de Belo Horizonte, responsável pela fertilização assistida, teve de pedir uma
autorização do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais
para que a gestante fosse parente
do pai da criança.
Uma resolução do Conselho Federal de Medicina só autoriza o
procedimento com parentes de
primeiro e segundo graus da mãe
biológica. A mãe de Veridiana
morreu havia três anos.
Segundo estimativa da SBRA
(Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida), por ano, em média 20 bebês nascem por meio de
um útero emprestado. Desses, pelo menos cinco são gerados pelas
avós materna ou paterna.
Entre os médicos, o tema ainda
é polêmico. O urologista Edson
Borges Júnior, diretor da clínica
Fertility (SP), diz ser contrário ao
empréstimo do útero por uma
mulher de 53 anos, como foi o caso de Elizabeth. "É uma gravidez
muito arriscada. São grandes as
chances de hipertensão, diabetes
ou falência ovariana", afirma.
Para o ginecologista Selmo Geber, presidente da SBRA, tendo a
avó boa saúde, a alternativa ainda
é melhor do que usar o útero de
uma irmã, por exemplo. "Se ela
ainda não for mãe, há os riscos da
complicações do parto. Se ela já
tem outros filhos, pode haver problemas com o marido", diz.
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