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Conhecimento obtido no curso eleva nota de particular
Indicador tenta identificar o quanto o curso melhorou o desempenho dos estudantes
Instituições públicas do país, no entanto, ainda continuam levando vantagem na comparação com as demais entidades
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
O abismo de qualidade entre
as instituições públicas e particulares verificado no Enade se
reduz bastante quando o Ministério da Educação leva em
conta, na elaboração do conceito, o efeito que o curso tem na
nota final do estudante. Mesmo
assim, as públicas continuam
levando vantagem.
No Enade, o percentual de
cursos da rede pública com nota 5 (conceito máximo) é de
21,2% do total, ante 1,6% na rede privada. Quando o MEC
compara esses conceitos por
meio do IDD (Indicador de Diferença entre os Desempenhos
Observado e Esperado), o percentual de notas máximas cai
para 10,2% na rede pública e sobe para 5,6% na particular.
Como há muito mais cursos
privados, essa comparação fica
favorável à rede particular
quando se leva em conta que há
164 (de um total de 2.932) cursos privados com nota máxima
no IDD, ante 64 (de um total de
626) na pública.
O IDD é uma tentativa de
avaliar o efeito que o curso tem
no desempenho do aluno. Desde a época do Provão -exame
que antecedeu o Enade-, as
instituições particulares pediam que fosse criado um mecanismo que levasse em conta a
situação do estudante no ingresso do curso e na fase final.
O argumento é que um curso
que recebe calouros com desempenho baixo e os torna medianos no momento da conclusão pode ter agregado mais conhecimento do que um que já
recebe estudantes com desempenho alto e apenas mantém
esse nível ao fim do período.
Comparação
Para Ryon Braga, consultor
em educação da Hoper Educacional, a avaliação do efeito que
o curso tem no desempenho final do aluno não é perfeito porque o IDD não está comparando ainda os mesmos alunos.
Como nenhum curso já foi
avaliado duas vezes até agora,
esse índice é calculado principalmente a partir da comparação da média dos alunos que, no
mesmo ano, fazem o exame nos
primeiros períodos e daqueles
que já estavam no fim do curso.
Braga diz que o pior resultado da rede privada não surpreende -tem sido assim desde o primeiro Provão, realizado
em 1996- porque o perfil de
aluno que entra em cada rede é
bastante diferenciado e também porque a rede privada, por
representar mais de 70% das
matrículas, tem perfil de instituições muito mais heterogêneo do que as públicas.
"O resultado final nunca será
igual porque o setor privado é
muito heterogêneo. Se fossem
comparadas apenas as 100 melhores particulares com as 100
melhores públicas, essa diferença com certeza seria bem
menor", diz o consultor.
Edson Nunes, presidente do
Conselho Nacional de Educação, ressalta também que um
vestibular extremamente competitivo, como é o caso do realizado por muitas das instituições públicas, acaba selecionando apenas os alunos de melhor desempenho acadêmico.
"A convivência com gente de
mais alta qualidade tem efeito
claro naquilo que você produz e
aprende. No final das contas,
trata-se de uma máquina interessante de reprodução das elites, que se beneficiam do convívio entre si. No setor privado, a
política é praticamente de livre
ingresso, pois há mais vagas do
que candidatos", diz Nunes.
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