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Acusação de Suzane é absurda, diz promotor
Ela disse à Justiça que Eliseu Berardo tentou seduzi-la no gabinete dele; na ocasião, a ex-estudante de direito estava presa em Ribeirão
"Vou provar minha inocência", disse Berardo, investigado pela Corregedoria do Ministério Público. Caso chega a ser "ridículo", afirmou
ROBERTO MADUREIRA
DA FOLHA RIBEIRÃO
Acusado por Suzane von
Richthofen, 25, de tentar seduzi-la dentro de seu gabinete, o
promotor Eliseu José Berardo,
44, da Vara de Execuções Criminais de Ribeirão Preto, afirma ser inocente. "É um absurdo, nego tudo", afirma ele, que é
casado há 14 anos.
Suzane, condenada pela
morte dos pais, em 2002, disse
a uma juíza que o promotor se
ofereceu para ajudá-la e até pôs
uma música romântica quando
ela foi ao gabinete dele depor
sobre supostos maus-tratos em
uma penitenciária de Ribeirão,
onde estava presa, em 2007.
Após a acusação, a Corregedoria do Ministério Público
abriu procedimento para apurar o caso. "Vou provar minha
inocência", disse.
À Folha, ele disse que o caso
lhe causou problemas familiares e constrangimentos. A seguir, a entrevista:
FOLHA - Como o sr. reagiu às acusações de Suzane?
ELISEU JOSÉ BERARDO- A orientação que tenho [do Ministério
Público] é para não polemizar.
É um absurdo e nego tudo.
FOLHA - É uma história antiga?
BERARDO - Foi em janeiro de
2007. Em resumo: ela veio
transferida para Ribeirão em
setembro de 2006, se me recordo bem. Depois de um tempo,
foi publicada uma reportagem
com suspeitas de que ela tinha
privilégios na cela. Diante disso, em setembro de 2006, fui à
penitenciária, com um oficial
de Promotoria. Tiramos fotografias da cela, com autorização
da direção da penitenciária, e
não constatamos nada.
No mesmo dia, ela e detentas
da cela reclamaram muito das
condições e do tratamento recebido. Então, instaurei um inquérito civil para apurar.
FOLHA - Foi nesse caso que surgiu a
situação narrada por Suzane?
BERARDO - Sim. Na investigação, você ouve quem? Pessoas
que fizeram as denúncias, a outra parte, no caso a direção e
funcionários da prisão, e outras
presas, como testemunhas. Então, evidentemente ela foi ouvida, mas foi ouvida na Promotoria e com autorização judicial.
Está tudo documentado.
FOLHA - Como foi essa audiência?
BERARDO - Ela foi ouvida duas
vezes. A primeira vez foi rápida,
e ela manifestou vontade de
voltar, pois tinha mais coisas a
dizer. Na segunda vez, todos
[imprensa] ficaram sabendo e
houve muito tumulto. Por isso,
acabou demorando mesmo.
FOLHA - Ela diz que o sr. tentou
provocar um clima romântico.
BERARDO - Ela disse que coloquei música romântica para
ela, suponho que em um aparelho portátil. Pois nunca tive um
aparelho de som portátil na minha vida. Isso foi dito na corregedoria, quando prestei depoimento. Então, começa daí. Falou também que escrevi poesias. Essa, me abstenho até de
comentar, fazer poesias para
ela... Chega a ser ridículo.
FOLHA - É comum fazer audiência
com presos por esses motivos?
BERARDO - Quando vou a penitenciárias, ouço presos. Agora,
em inquérito civil e com presas
mulheres, me parece que foi o
primeiro, mas tudo em virtude
da solicitação delas mesmas.
FOLHA - Que motivos ela teria para
contar essa história?
BERARDO - Não tenho a mínima
ideia.
FOLHA - A divulgação do caso lhe
causou constrangimentos?
BERARDO - É uma situação muito chata. Principalmente porque as pessoas não conhecem
os fatos, mesmo que a acusação
venha de uma presa. Algumas
pessoas ficam em dúvida e acabam te olhando de forma diferente. Sinto-me constrangido
com isso tudo, tanto no ambiente de trabalho, no âmbito
familiar, com amigos. Principalmente agora, que isso tudo
veio à tona. Na família também,
mas mais da minha parte.
FOLHA - O sr. vai processá-la?
BERARDO - Não, não pretendo.
Se ela fez essas alegações, teve
os motivos dela, que não sei
quais são, elas vai ter de provar,
evidentemente. Eu me sinto
triste, magoado com isso tudo,
mas fazer o quê?
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