São Paulo, segunda-feira, 01 de junho de 2009

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Acusação de Suzane é absurda, diz promotor

Ela disse à Justiça que Eliseu Berardo tentou seduzi-la no gabinete dele; na ocasião, a ex-estudante de direito estava presa em Ribeirão

"Vou provar minha inocência", disse Berardo, investigado pela Corregedoria do Ministério Público. Caso chega a ser "ridículo", afirmou

ROBERTO MADUREIRA

DA FOLHA RIBEIRÃO

Acusado por Suzane von Richthofen, 25, de tentar seduzi-la dentro de seu gabinete, o promotor Eliseu José Berardo, 44, da Vara de Execuções Criminais de Ribeirão Preto, afirma ser inocente. "É um absurdo, nego tudo", afirma ele, que é casado há 14 anos. Suzane, condenada pela morte dos pais, em 2002, disse a uma juíza que o promotor se ofereceu para ajudá-la e até pôs uma música romântica quando ela foi ao gabinete dele depor sobre supostos maus-tratos em uma penitenciária de Ribeirão, onde estava presa, em 2007. Após a acusação, a Corregedoria do Ministério Público abriu procedimento para apurar o caso. "Vou provar minha inocência", disse. À Folha, ele disse que o caso lhe causou problemas familiares e constrangimentos. A seguir, a entrevista:

 

FOLHA - Como o sr. reagiu às acusações de Suzane?
ELISEU JOSÉ BERARDO
- A orientação que tenho [do Ministério Público] é para não polemizar. É um absurdo e nego tudo.

FOLHA - É uma história antiga?
BERARDO
- Foi em janeiro de 2007. Em resumo: ela veio transferida para Ribeirão em setembro de 2006, se me recordo bem. Depois de um tempo, foi publicada uma reportagem com suspeitas de que ela tinha privilégios na cela. Diante disso, em setembro de 2006, fui à penitenciária, com um oficial de Promotoria. Tiramos fotografias da cela, com autorização da direção da penitenciária, e não constatamos nada. No mesmo dia, ela e detentas da cela reclamaram muito das condições e do tratamento recebido. Então, instaurei um inquérito civil para apurar.

FOLHA - Foi nesse caso que surgiu a situação narrada por Suzane?
BERARDO
- Sim. Na investigação, você ouve quem? Pessoas que fizeram as denúncias, a outra parte, no caso a direção e funcionários da prisão, e outras presas, como testemunhas. Então, evidentemente ela foi ouvida, mas foi ouvida na Promotoria e com autorização judicial. Está tudo documentado.

FOLHA - Como foi essa audiência?
BERARDO
- Ela foi ouvida duas vezes. A primeira vez foi rápida, e ela manifestou vontade de voltar, pois tinha mais coisas a dizer. Na segunda vez, todos [imprensa] ficaram sabendo e houve muito tumulto. Por isso, acabou demorando mesmo.

FOLHA - Ela diz que o sr. tentou provocar um clima romântico.
BERARDO
- Ela disse que coloquei música romântica para ela, suponho que em um aparelho portátil. Pois nunca tive um aparelho de som portátil na minha vida. Isso foi dito na corregedoria, quando prestei depoimento. Então, começa daí. Falou também que escrevi poesias. Essa, me abstenho até de comentar, fazer poesias para ela... Chega a ser ridículo.

FOLHA - É comum fazer audiência com presos por esses motivos?
BERARDO
- Quando vou a penitenciárias, ouço presos. Agora, em inquérito civil e com presas mulheres, me parece que foi o primeiro, mas tudo em virtude da solicitação delas mesmas.

FOLHA - Que motivos ela teria para contar essa história?
BERARDO
- Não tenho a mínima ideia.

FOLHA - A divulgação do caso lhe causou constrangimentos?
BERARDO
- É uma situação muito chata. Principalmente porque as pessoas não conhecem os fatos, mesmo que a acusação venha de uma presa. Algumas pessoas ficam em dúvida e acabam te olhando de forma diferente. Sinto-me constrangido com isso tudo, tanto no ambiente de trabalho, no âmbito familiar, com amigos. Principalmente agora, que isso tudo veio à tona. Na família também, mas mais da minha parte.

FOLHA - O sr. vai processá-la?
BERARDO
- Não, não pretendo. Se ela fez essas alegações, teve os motivos dela, que não sei quais são, elas vai ter de provar, evidentemente. Eu me sinto triste, magoado com isso tudo, mas fazer o quê?


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