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Maioria dos moradores de rua trabalha
Censo encomendado pela prefeitura mostra também que sem-teto de SP recebem, em média, R$ 19,30 por dia
Menos de 30% dizem
pedir esmolas; de
acordo com a pesquisa,
66,7% afirmam já
ter sofrido violência
EVANDRO SPINELLI
DE SÃO PAULO
A maioria dos moradores
de rua de São Paulo trabalha,
ganha em média R$ 19,30 por
dia e gasta com comida, bebida, cigarro ou droga.
A pesquisa, feita pela Fipe
(Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) por encomenda da prefeitura, mostra que 66,9% dos moradores
de rua da cidade ganham seu
dinheiro trabalhando.
As principais atividades
são coleta de materiais recicláveis (latas e papelão, por
exemplo), carga e descarga,
além das funções de flanelinha e guardador de carros.
A impressão de que morador de rua vive só de esmola
não se confirma na pesquisa.
Apenas 14% dizem depender
exclusivamente de esmolas e
15,2% trabalham e pedem esmolas. Outros 3,9% declararam que não fazem nada.
A pesquisa apontou que
são 13.666 moradores em "situação de rua" na cidade
-que dormem em albergues
ou nas ruas mesmo-, 4.960
mais que em 2000, quando
foi feito o censo anterior.
A Folha antecipou essa informação em março, um mês
após a entrega do relatório,
que a prefeitura só divulgou
ontem -dizia que estava
aguardando os dados socioeconômicos da pesquisa.
A prioridade do governo,
diz a vice-prefeita e secretária de Assistência e Desenvolvimento Social, Alda Marco Antonio, é retirar os idosos
das ruas. "Em dois anos e
meio nós vamos dar conta de
colocar todos os idosos em
moradias provisórias."
VIOLÊNCIA
Outro dado significativo é
sobre violência nas ruas:
66,7% disseram já ter sofrido
algum tipo de violência, sendo que 27,9% apontam policiais como agressores; 4,5%
apontam comerciantes.
Segundo a Fipe, 37% admitem que usam álcool,
9,7% dizem usar apenas drogas e 27,7% afirmaram que
usam álcool e drogas.
O uso de drogas nas ruas é
um dos fatores, segundo especialistas, que fazem aumentar o número de jovens
nessa situação. Desde 2000,
o percentual de jovens (18 a
30 anos) nas ruas pulou de
18,2% para 25,9%.
Os distritos com mais moradores de rua são os centrais
República e Sé. A prefeitura
diz que isso ocorre por causa
da cracolândia. Mas o maior
número de albergues está na
Mooca e em Santa Cecília.
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