São Paulo, terça-feira, 01 de junho de 2010 |
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ENTREVISTA É preciso dar a mão aos sem-teto, afirma psicóloga DE SÃO PAULO Psicóloga, com pós-doutorado em saúde pública e em educação pela USP, Aparecida Magali Alvarez diz que a sociedade precisa compreender os moradores de rua. Desde 1993, ela estuda a vida dos sem-teto. (AB)
Folha - Como a sra. vê a discussão sobre restringir alimentos aos sem-teto? Aparecida Magali Alvarez - A sociedade em geral deveria entender melhor o que está acontecendo com essas pessoas. Por que elas estão nessa situação? Por que tem aumentado o número de moradores de rua? Num projeto que desenvolvemos na faculdade, tínhamos entre os moradores de rua ex-empresários. Ninguém está livre disso. O que deve ser feito? Sou totalmente contra restringir comida porque a gente vê que o poder público não está dando conta de, sozinho, resolver a questão. A sociedade deveria se unir de alguma forma para ajudá-los. Temos muito o que fazer e não é expulsando, proibindo. Acho que é encontrando, conversando, dando amor, mas não em um nível asséptico, com luvas. É dando a mão de verdade, olhando nos olhos. O que a sra. já conseguiu entender da vida deles? Primeiro, que cada ser humano que está lá é único. Você não pode generalizar. Cada ser humano foi para a rua por um motivo, só que quando você cai na rua, ela tem uma força de atração para jogá-lo na sarjeta. Como assim? É um símbolo que eu uso. É você entrar naquele mundo que o agarra. Na rua tem o camarada com um sofrimento absurdo. Aliás, o que me levou a estudar o mundo deles era que eu pensava: "Como pode alguém estar com a cabeça na terra e conservar ainda dentro de si sentimentos, traços de humanidade, sonhos?". Texto Anterior: Análise: Problema é complexo e exige reflexão, não alarmismo Próximo Texto: Rubem Alves: Pegue uma cebola Índice |
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