São Paulo, domingo, 01 de julho de 2001

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Secretaria critica tratamento padronizado

DO ENVIADO A PARACAMBI

O tratamento excessivamente homogêneo para um grande número de pacientes psiquiátricos é a principal condenação da Secretaria de Estado de Saúde do Rio à casa Dr. Eiras de Paracambi.
"Por que há ações padronizadas para as pessoas, afastando o sujeito da própria identidade?", pergunta a coordenadora estadual de Saúde Mental, Paula Cerqueira. Ela defende "projetos terapêuticos individualizados".
Paula se opõe, quando não há um grave motivo de asseio, ao corte global de cabelo à máquina, costume no pavilhão São Joaquim da Dr. Eiras-Paracambi.
Os pacientes psiquiátricos representam o quinto maior grupo de internações no Rio de Janeiro, à frente dos que sofrem de diabetes. Em primeiro lugar, estão as internações para parto normal.
Há 10,8 mil leitos psiquiátricos no Estado, com ocupação de 100%. A secretaria criou o programa de residências para receber doentes mentais que podem sair dos manicômios, porém não têm para onde ir. Há 70 vagas.
"Na Dr. Eiras, não acreditavam quando um paciente dizia saber como encontrar sua família", disse Cristina Ventura, assessora de Saúde Mental. "Os seis que saíram assim reencontraram suas casas. Não desconsideramos o que diziam."
A Coordenação de Saúde Mental do Ministério da Saúde estima que existam 5,1 milhões de brasileiros com psicoses e neuroses graves, 3% da população, conforme o coordenador Pedro Gabriel Delgado. Há 68 mil leitos psiquiátricos, incluindo os dos hospitais de custódia, como passaram a ser chamados os manicômios judiciários. No ano passado, o ministério gastou R$ 449 milhões com internações e R$ 47 milhões com atendimento extra-hospitalar.
O procurador da República Rogério Nascimento, que instaurou inquérito civil para investigar o atendimento aos doentes mentais no Rio, afirma que "hospital não gera o melhor resultado no tratamento, mas é utopia não precisar de leitos". Ele deve concluir o inquérito em agosto. (MM)




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