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Secretaria critica tratamento padronizado
DO ENVIADO A PARACAMBI
O tratamento excessivamente
homogêneo para um grande número de pacientes psiquiátricos é
a principal condenação da Secretaria de Estado de Saúde do Rio à
casa Dr. Eiras de Paracambi.
"Por que há ações padronizadas
para as pessoas, afastando o sujeito da própria identidade?", pergunta a coordenadora estadual de
Saúde Mental, Paula Cerqueira.
Ela defende "projetos terapêuticos individualizados".
Paula se opõe, quando não há
um grave motivo de asseio, ao
corte global de cabelo à máquina,
costume no pavilhão São Joaquim
da Dr. Eiras-Paracambi.
Os pacientes psiquiátricos representam o quinto maior grupo
de internações no Rio de Janeiro,
à frente dos que sofrem de diabetes. Em primeiro lugar, estão as
internações para parto normal.
Há 10,8 mil leitos psiquiátricos
no Estado, com ocupação de
100%. A secretaria criou o programa de residências para receber
doentes mentais que podem sair
dos manicômios, porém não têm
para onde ir. Há 70 vagas.
"Na Dr. Eiras, não acreditavam
quando um paciente dizia saber
como encontrar sua família", disse Cristina Ventura, assessora de
Saúde Mental. "Os seis que saíram assim reencontraram suas
casas. Não desconsideramos o
que diziam."
A Coordenação de Saúde Mental do Ministério da Saúde estima
que existam 5,1 milhões de brasileiros com psicoses e neuroses
graves, 3% da população, conforme o coordenador Pedro Gabriel
Delgado. Há 68 mil leitos psiquiátricos, incluindo os dos hospitais
de custódia, como passaram a ser
chamados os manicômios judiciários. No ano passado, o ministério gastou R$ 449 milhões com
internações e R$ 47 milhões com
atendimento extra-hospitalar.
O procurador da República Rogério Nascimento, que instaurou
inquérito civil para investigar o
atendimento aos doentes mentais
no Rio, afirma que "hospital não
gera o melhor resultado no tratamento, mas é utopia não precisar
de leitos". Ele deve concluir o inquérito em agosto.
(MM)
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