DO "AGORA"
DA REPORTAGEM LOCAL

Em reunião realizada ontem com a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), diretores do sindicato dos funcionários rejeitaram a nova proposta da empresa de reajuste salarial.
Eles pedem aumento de 8,17%, mais 15,7% de reposição referente às perdas entre 2001 e 2004. Já a CET ofereceu reajuste de 7%, parcelado em duas vezes. O sindicato deve realizar uma nova assembléia na quinta-feira. A categoria cogita, inclusive, fazer greve.
O embate entre os empregados e a direção da empresa se arrasta há mais de um mês. Os marronzinhos já organizaram dois boicotes à aplicação de multas, nesta e na semana passada -quando a quantidade de infrações anotadas foi reduzida em 70%.
Anteontem, eles também fizeram um protesto em frente à sede da prefeitura, no vale do Anhangabaú, centro de São Paulo, e incentivaram os empregados da CET a doar sangue -podendo ter a falta no serviço abonada.
A CET tem quase 4.000 empregados, dos quais mais de 1.500 são fiscais que atuam nas ruas.
Na campanha eleitoral, representantes da candidatura de José Serra prometiam prioridade ao trânsito e diziam que a CET ficaria com 95% dos recursos arrecadados com as multas de trânsito, conforme prevê as normas do código de trânsito de 1998.
O Orçamento inicial da empresa para 2005, porém, aprovado na Câmara Municipal, é de apenas R$ 145 milhões -insuficiente, segundo a gestão tucana, para bancar até mesmo a folha de pagamento, de R$ 160 milhões. A receita de multas de trânsito na cidade de São Paulo costuma beirar R$ 400 milhões a cada ano.
O governo Serra diz que haverá remanejamentos para aumentar os gastos da companhia ainda neste ano para minimizar os problemas. Mas ainda não esclareceu se, a partir de 2006, 95% da receita das multas irá para a CET.
Questionado em março pela Folha sobre esse tema, Roberto Scaringella, presidente da companhia, disse: "Você não pode me perguntar de uma decisão futura que não é do presidente da CET. Como é que eu vou te responder? Não sou eu quem decide".


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