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AIDS
Abbott, que produz o Kaletra, é pressionado pelo governo
Laboratório que detém patente de remédio quer acordo sobre preços
DA REPORTAGEM LOCAL
O laboratório farmacêutico Abbott, produtor do remédio Kaletra, contra Aids, afirmou ontem
que "realmente quer e pretende"
entrar em acordo com o governo
brasileiro após a ameaça do Ministério da Saúde de quebrar a patente do medicamento caso a empresa não reduza seus preços. A
empresa tem até a próxima terça-feira para dizer se baixará os preços da droga. Caso contrário, o
medicamento passará a ser produzido no país a um custo menor.
Há uma semana, o governo brasileiro decidiu quebrar a patente
da droga, tornando-a de interesse
nacional, mas concedeu um prazo de dez dias para a negociação.
O Brasil quer que a Abbott baixe o
valor unitário do Kaletra de US$
1,17 para US$ 0,68.
Em novo comunicado distribuído ontem, a Abbott, no entanto,
sobe o tom contra o governo. Diz
que o país quer dar apoio à indústria local com a medida, o que
contrariaria a legislação que permite a quebra de patentes.
"Como o ministro Humberto
Costa [Saúde] afirma no website
do Programa Nacional de AIDS,
essa ação é para "apoiar nossa indústria local", a qual Abbott acredita estar dissociada a intenção
[sic] das medidas da Organização
Mundial do Comércio, reservadas
para emergências na área de saúde em países mais pobres", afirma
o texto da companhia. "Nenhuma
indústria pode deixar de lado os
efeitos prejudiciais de despojar
uma empresa, ou uma indústria,
de sua propriedade intelectual.
Por essa razão, a medida proposta
pode deixar de representar um
beneficio de longo prazo para a
economia brasileira", continua.
Segundo o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério,
Jarbas Barbosa, a frase do ministro foi tirada do contexto. "[A medida] não é para estimular a produção nacional. É para dar sustentabilidade ao programa. Essa
frase pode ter existido, mas dentro de um discurso com 300 frases", disse Barbosa, que está em
Genebra para um encontro da
Unaids, órgão das Nações Unidas
para o combate à doença.
"Outro erro. Eles estão falando
em emergência nacional [como
único motivo que justificaria a
quebra de patentes]", continuou
Barbosa. "A legislação permite
em caso de emergência nacional,
que não é nosso motivo. Estamos
usando a questão do interesse público [também previsto na legislação]." O secretário também atacou o laboratório. "Lamento que
com o grau de salários que gastam
com advogados e assessores façam erro tão grave para confundir
a opinião pública."
(FL)
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