ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

O programa atinge o ápice.
A música, carregada de emoção, toca ao fundo, enquanto as portas grandalhonas se movem. De dentro da escuridão, surge Guimarães dos Pés Grandes, gerente de uma loja de sapatos. Como anunciara Silvio Santos, abriram-se as portas da esperança.
O público aplaude o mineiro Hirany Guimarães Moreira, que sai de trás da porta para presentear um felizardo com o que ele tanto sonhara:
um caríssimo par de sapatos feito de couro alemão.
Pezudo só no apelido -ele calçava 38. Renata, sua filha, tem em casa todos os programas dos quais o pai participou falando de sapatos: além da Porta da Esperança, foi ao Jô e ao Luciano Huck.
Ficou requisitado pela TV devido à profissão. Quando veio a SP, em 1961, arrumou emprego de balconista na Calçados Eurico, aberta em 1938 por um casal alemão.
No começo, achou que fosse mais um serviço, mas trabalhou lá por 48 anos, até maio último. Com duas lojas na capital, a Eurico é especializada em calçados grandes, para mulheres que, porventura, calcem 43 ou homens que usem numeração 48. Foi daí que surgiu seu apelido.
Preocupada com clientes tradicionalmente excluídos, a loja tem até um espaço para homens que gostam de experimentar a linha feminina.
Calmo, mas "acelerado", trabalhava demais, na opinião da filha. Morreu quinta, aos 68, de problemas respiratórios. Deixa viúva, duas filhas e neta. A missa de sétimo dia é hoje, às 18h30, na igreja N. Sra. Aparecida, SP.

obituario@grupofolha.com.br


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