São Paulo, quarta-feira, 01 de julho de 2009

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Regra dos fretados afeta empresas e Palácio

Metade dos 12 ônibus alugados para transporte de funcionários da sede do governo do Estado passa pela área restrita

O hospital Albert Einstein, que contrata o serviço, e o shopping Higienópolis, que mantém uma linha circular, também serão atingidos

EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
TAI NALON
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A restrição à circulação de ônibus fretados em parte do centro expandido de São Paulo, anunciada pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM), vai afetar empresas, hospitais e até mesmo o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do Estado.
De acordo com as regras anunciadas pela prefeitura, o trânsito de ônibus fretados será proibido, a partir do dia 27 de julho, em cerca de 70 km2 que abrangem regiões de grande concentração de empresas, como as avenidas Paulista, Luiz Carlos Berrini e Faria Lima.
O Palácio dos Bandeirantes fica no Morumbi (zona oeste), fora da área de restrição, mas 6 dos 12 ônibus alugados para o transporte de 400 funcionários passam pela região de circulação limitada.
O governador José Serra (PSDB), de quem Kassab é aliado e foi vice-prefeito (2005-2006), trabalha no Bandeirantes. Não há trem ou metrô atendendo a região. As opções de ônibus são limitadas.
O caso está longe de ser uma exceção. Segundo o Transfretur (sindicato das empresas de fretamento), 30% das empresas com mais de cem funcionários contratam ônibus para o transporte de funcionários.
"As empresas optam pelo fretamento porque ele aumenta a produtividade do funcionário. Ele vai dormindo no ônibus, lendo. Chega na empresa descansado. Não é como no metrô ou no ônibus comum, onde ele vai apertado", disse Jorge Miguel dos Santos, diretor-executivo do Transfretur.
O hospital Albert Einstein, no Morumbi, o banco Real e a Braskem, ambos na marginal Pinheiros, confirmaram à Folha que contratam serviços de fretamento para o transporte de seus funcionários.
O hospital Santa Catarina, na avenida Paulista, portanto localizado dentro da área de restrição, informou que não contrata o serviço, mas que parte de seus funcionários usa o sistema por conta própria -custa, em média, R$ 245 por mês por passageiro.
O ônibus fretado tem a imagem de ser um serviço adotado apenas por pessoas de alto poder aquisitivo. A pesquisa Origem/Destino do Metrô, porém, apontou queda na renda média do usuário do serviço entre 1997 e 2007.

Adaptações
A assessoria da Casa Civil do governo do Estado informou que já está sendo estudada uma adaptação no serviço de transporte dos servidores para enquadramento nas novas regras definidas pela prefeitura.
O Real, a Braskem e o hospital Albert Einstein informaram que foram apanhados de surpresa pela decisão da prefeitura e que vão estudar como se adaptar às novas regras.
Outro caso é o do shopping Pátio Higienópolis, na região central, que oferece duas linhas de micro-ônibus para transporte de usuários a regiões próximas. Funcionários também utilizam o serviço.
Como fica dentro da área de restrição, o serviço será proibido. A assessoria do shopping informou que a empresa vai primeiro "entender as diretrizes da prefeitura, se adaptar e avaliar os procedimentos que deve tomar a partir daí".
Os ônibus das empresas aéreas que transportam passageiros entre os aeroportos de Cumbica, em Guarulhos, e Congonhas (zona sul) também se enquadram nas restrições anunciadas pelo governo.

Exceções
A prefeitura já estipulou algumas exceções às regras de restrição a fretados: ônibus escolares, de turismo e aqueles que transportam passageiros para hotéis e igrejas, seminários, feiras, eventos e atividades de lazer e cultura.
Todos os veículos, porém, terão de se cadastrar na prefeitura com antecedência.
De acordo com a Secretaria Municipal de Transportes, casos como o do shopping Pátio Higienópolis e o traslado das empresas aéreas podem receber autorização especial para circulação.
Caberá à empresa fazer o pedido, que será analisado pelos técnicos da pasta.


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