São Paulo, quarta-feira, 01 de julho de 2009

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A cada 8 fretados, só 1 ônibus comum na Funchal

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Considerada a "meca dos fretados" por trabalhadores da região, a avenida Funchal, na zona sul, concentra pontos de embarque desse tipo de transporte por toda sua extensão.
Levantamento da Folha no horário de pico de circulação de veículos naquela área verificou que, a cada oito ônibus fretados -todos eles próximos à capacidade máxima de lotação- apenas um ônibus municipal circula pela região.
"Moro a duas horas daqui. Se eu optar por pegar o municipal, ainda tenho que esperar passarem pelo menos uns cinco até conseguir entrar", disse Luiz Evandro Silva, analista de TI.
Funcionário de uma empresa localizada na avenida Engenheiro Luiz Carlos Berrini há quase um ano, ele disse que só foi trabalhar na área porque era guarnecida de fretados.
Segundo a Transfretur (sindicato das empresas do setor), São Paulo tem 5.450 veículos fretados registrados em circulação. Empresas de ônibus fretados dizem que cada ônibus retirado das ruas corresponderá a 20 novos carros na cidade.

Carro é preferência
Com um iPhone em punho, o analista de sistemas Rafael Paulino fala ao celular, acessa a internet e diverte-se com jogos na volta para casa.
Com a restrição, teme voltar a usar o transporte público e ter o telefone roubado. "Mesmo se usar o carro para ir para o serviço, como vou adiantar as tarefas do trabalho, por exemplo? No trânsito que não vai ser."
Morador da Mooca (zona leste), ele disse que gastará pelo menos 10% de seu orçamento com estacionamento (na faixa de R$ 200 na região da Berrini) e gasolina (cerca de um tanque por semana).
Se optasse pelo transporte público, levaria cerca de uma hora e quarenta minutos e cinco baldeações de ônibus, metrô e trem para fazer um deslocamento que costuma realizar em pouco mais de uma hora.
Julio Rodrigues, estudante, diz preferir usar o transporte fretado ao público, mesmo que metrô, trem e ônibus façam o percurso mais rápido.
"Se proibir mesmo, o que eu duvido, vou tirar o dinheiro da faculdade e comprar um carro."
A consultora Samantha Fernandes chega a considerar mudar de residência para evitar perder mais de duas horas de casa ao trabalho. Para voltar para casa, o único ônibus que a leva ao metrô circula lotado. "E sabe o destino do ônibus? "Socorro'", ironiza. (TN)


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