Capital catalã conseguiu recuperar 600 prédios permitindo a quem restaurasse uma fachada expor sua marca

SÃO PAULO AINDA NÃO CONSEGUE DIVULGAR LEIS QUE JÁ ISENTAM DO IPTU QUEM RESTAURAR FACHADAS TOMBADAS

RAUL JUSTE LORES
EDITOR DE MERCADO

Barcelona recuperou 600 prédios históricos, inclusive alguns de Gaudí, usando recursos da publicidade.
Depois de retirar 7.000 outdoors da capital catalã durante a década de 80, a prefeitura canalizou a demanda reprimida por espaços publicitários.
Quem restaurasse uma fachada, poderia colocar seu logotipo na tela de proteção da obra por um ano.
Como nem todos os prédios históricos ficam em áreas de alta visibilidade, a campanha foi alterada nos últimos anos.
Obras em grandes supermercados ou prédios corporativos também puderam ser embaladas com publicidade, desde que o patrocínio servisse ao restauro de construções relevantes.
É como se prédios em construção da marginal ou na Vila Olímpia (zona oeste) cedessem o valor da publicidade estampada em suas lonas para o restauro dos belos edifícios Triângulo e Califórnia, do arquiteto Oscar Niemeyer, que definham nos calçadões do centro.

MURAIS
Paredes cegas que antes eram ocupadas por outdoors foram tomadas por grafites e murais feitos por artistas plásticos.
Houve verba até mesmo para retirar aparelhos de ar-condicionado de fachadas históricas.
A divulgação é imprescindível para que o programa funcione, mas a cidade de São Paulo ainda não consegue divulgar leis que já isentam do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) quem restaurar fachadas tombadas.
Barcelona fez então uma forte campanha de mídia para provocar a autoestima dos catalães pré-Olimpíada. Celebridades pediam adesão de grandes empresas na TV e nos jornais.
Um convênio foi estabelecido com o Colégio de Arquitetos de Barcelona para que técnicos vistoriassem cada projeto de restauro antes da aprovação.
Assim foram evitadas descaracterizações gratuitas dos projetos originais.

SÃO PAULO
Na capital paulista, são frequentes as deturpações em reformas, como as colunas recentemente pintadas de verde no premiado edifício Nações Unidas, na esquina da Paulista com Brigadeiro, onde até um mural de Clóvis Graciano foi isolado.
Estimular a participação da sociedade e de especialistas fez a diferença em Barcelona.


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