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Funcionários da USP encerram greve
Grevistas suspendem paralisação de 57 dias sem aumento pedido; férias enfraqueceriam movimento, dizem servidores
Decisão ocorre após
críticas ao fechamento
de uma creche; reitoria
concorda em não punir
funcionários grevistas
TALITA BEDINELLI
DE SÃO PAULO
Funcionários da Universidade de São Paulo, em greve
há 57 dias, decidiram ontem
encerrar a paralisação, sem
conquistar o reajuste pedido.
A decisão ocorre após críticas da comunidade acadêmica aos métodos usados pelos
grevistas, como o fechamento de uma creche e a ameaça
de invadir o CCE (Centro de
Computação Eletrônica), o
que afetaria os serviços informatizados da USP.
Eles afirmam, entretanto,
que a decisão de interromper
a greve ocorre porque o movimento enfraqueceria a partir da próxima semana,
quando chegam as férias -
segundo o sindicato, 40%
dos servidores que trabalham terão o recesso.
"A greve não foi derrotada.
Ela foi extremamente positiva. Após essa briga, o reitor
vai pensar dez vezes antes de
quebrar a isonomia salarial",
afirma Magno de Carvalho,
diretor do Sintusp (Sindicato
dos Trabalhadores da USP).
A greve começou em 5 de
maio depois de os docentes
receberem 12,57% de aumento, e os servidores, 6,57%. Isso, segundo os grevistas,
quebrava a "isonomia" existente entre as classes.
A reunião de negociação,
ontem de manhã, durou cerca de três horas. A reitoria
apresentou aos grevistas
uma proposta quase igual à
feita na última reunião, em 21
de junho. Só acrescentou um
item, que prevê a não punição aos grevistas.
A USP se comprometeu a
negociar o reajuste de 5% em
uma nova reunião, marcada
para segunda, 5 de julho.
Também disse que pagará
os salários descontados pelos dias não trabalhados.
A assembleia, que contou
com a participação de cerca
de 300 pessoas, aprovou o
acordo por ampla maioria
-foram cerca de 20 votos
contrários e 18 abstenções.
Eles retornam ao trabalho
hoje. A reitoria também só
deve ser desocupada hoje,
pois os funcionários afirmam
que querem limpar o lugar.
O prédio, entretanto, só
volta a ser usado na segunda.
TENSÃO
A manhã de ontem foi de
tensão em parte da USP.
O CCE, que os funcionários
prometiam invadir caso as
negociações não avançassem, ficou sitiado por 11 carros da PM e por faixas de isolamento. Desde segunda, a
polícia estava no local.
Enquanto isso, entretanto,
os grevistas, reunidos na
frente da reitoria, comiam
churrasquinhos e jogavam
dominós e baralho.
Nos últimos 17 anos, os
funcionários da universidade permaneceram quase dois
anos letivos (388 dias) parados por causa das greves,
conforme levantamento da
Folha divulgado ontem.
A greve do ano passado
também durou 57 dias e acabou sem o reajuste pedido.
Neste ano, os servidores
invadiram a reitoria por 20
dias e fizeram piquetes.
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