São Paulo, quinta-feira, 01 de julho de 2010

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Funcionários da USP encerram greve

Grevistas suspendem paralisação de 57 dias sem aumento pedido; férias enfraqueceriam movimento, dizem servidores

Decisão ocorre após críticas ao fechamento de uma creche; reitoria concorda em não punir funcionários grevistas

TALITA BEDINELLI
DE SÃO PAULO

Funcionários da Universidade de São Paulo, em greve há 57 dias, decidiram ontem encerrar a paralisação, sem conquistar o reajuste pedido.
A decisão ocorre após críticas da comunidade acadêmica aos métodos usados pelos grevistas, como o fechamento de uma creche e a ameaça de invadir o CCE (Centro de Computação Eletrônica), o que afetaria os serviços informatizados da USP.
Eles afirmam, entretanto, que a decisão de interromper a greve ocorre porque o movimento enfraqueceria a partir da próxima semana, quando chegam as férias - segundo o sindicato, 40% dos servidores que trabalham terão o recesso.
"A greve não foi derrotada. Ela foi extremamente positiva. Após essa briga, o reitor vai pensar dez vezes antes de quebrar a isonomia salarial", afirma Magno de Carvalho, diretor do Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP).
A greve começou em 5 de maio depois de os docentes receberem 12,57% de aumento, e os servidores, 6,57%. Isso, segundo os grevistas, quebrava a "isonomia" existente entre as classes.
A reunião de negociação, ontem de manhã, durou cerca de três horas. A reitoria apresentou aos grevistas uma proposta quase igual à feita na última reunião, em 21 de junho. Só acrescentou um item, que prevê a não punição aos grevistas.
A USP se comprometeu a negociar o reajuste de 5% em uma nova reunião, marcada para segunda, 5 de julho.
Também disse que pagará os salários descontados pelos dias não trabalhados.
A assembleia, que contou com a participação de cerca de 300 pessoas, aprovou o acordo por ampla maioria -foram cerca de 20 votos contrários e 18 abstenções.
Eles retornam ao trabalho hoje. A reitoria também só deve ser desocupada hoje, pois os funcionários afirmam que querem limpar o lugar.
O prédio, entretanto, só volta a ser usado na segunda.

TENSÃO
A manhã de ontem foi de tensão em parte da USP.
O CCE, que os funcionários prometiam invadir caso as negociações não avançassem, ficou sitiado por 11 carros da PM e por faixas de isolamento. Desde segunda, a polícia estava no local.
Enquanto isso, entretanto, os grevistas, reunidos na frente da reitoria, comiam churrasquinhos e jogavam dominós e baralho.
Nos últimos 17 anos, os funcionários da universidade permaneceram quase dois anos letivos (388 dias) parados por causa das greves, conforme levantamento da Folha divulgado ontem.
A greve do ano passado também durou 57 dias e acabou sem o reajuste pedido.
Neste ano, os servidores invadiram a reitoria por 20 dias e fizeram piquetes.


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