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RIO
Crediário permite compra de bens duráveis, diz pesquisador
97,5% dos moradores de favela têm geladeira, aponta pesquisa
SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO
Pesquisa do Iser (Instituto Superior de Estudos da Religião) revela que o acesso aos bens de consumo de moradores das favelas
do Rio de Janeiro é muito similar
ao da classe média brasileira.
Geladeira e televisão a cores são
os eletrodomésticos campeões.
Segundo o estudo da ONG, 97,5%
das pessoas que moram em favelas têm geladeira e 96,4% possuem pelo menos uma televisão.
Máquina de lavar roupas e videocassete, considerados mais luxuosos, estão presentes em mais
da metade das moradias dos entrevistados: 57,7% dos moradores
usam máquina para lavar roupa e
55% possuem videocassete.
Apesar da dificuldade de locomoção dentro de muitas favelas
(faltam ruas asfaltadas, as vias são
tão estreitas que só permitem passar a pé ou de bicicleta), 15% de
seus moradores têm carro.
Outro dado da pesquisa é o de
contratação de empregada doméstica: 2,4% das pessoas usam o
serviço de uma mensalista.
Os dados são reveladores quando comparados à renda média
dos chefes de família dessas comunidades: 60,6% deles ganham
até três salários mínimos por mês.
O salário mínimo é de R$ 200.
Para Bernardo Sorj, sociólogo e
pesquisador do Iser, isso pode ser
explicado pelo elevado uso do sistema de crediário. "Mesmo com
baixa renda média, essas pessoas
conseguem, com grande esforço,
ter acesso aos bens de consumo
mais básicos e a outros, como o
videocassete, por exemplo. Isso é
possível graças ao crediário."
Para Sorj, os dados são desmistificadores. "A maior parte das
pessoas acha que os moradores
de favela não têm acesso a quase
nenhum bem de consumo durável. Mesmo havendo desigualdade social, os pobres conseguem
adquirir esses bens."
Mas o sociólogo pondera que só
nesse aspecto essas pessoas se
aproximam dos da classe média,
pois eles continuam sendo excluídos dos serviços públicos básicos.
"A grande maioria deles continua
sem acesso à escola e aos empregos. O levantamento mostra que
63% dos chefes de família não têm
ensino fundamental completo."
A pesquisa, feita entre 10 e 22
deste mês em 37 comunidades carentes da cidade do Rio, teve 866
pessoas entrevistadas. A margem
de erro é de 3,41 pontos percentuais, para mais ou para menos.
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