São Paulo, quinta-feira, 01 de agosto de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

AMBIENTE

Projeto lançado ontem no Rio é adaptação de plano do governo Garotinho que consumiu R$ 4,2 mi e é acusado de irregularidades

Programa sob suspeita é reestruturado

RAFAEL CARIELLO
DA SUCURSAL DO RIO

O governo do Rio lançou ontem um programa de educação ambiental, financiado pela Petrobras, para 1.440 alunos da rede estadual de ensino. O programa é a reestruturação do projeto Verde que te Quero Verde, do governo de Anthony Garotinho (PSB), que consumiu R$ 4,2 milhões em dois anos e é acusado de irregularidades pela atual administração.
O financiamento do programa resulta de convênio assinado em junho de 2000 entre a Petrobras e o ex-secretário André Corrêa, de Meio Ambiente. O convênio complementava um termo de compromisso para investimentos que a empresa deveria fazer a fim de se adequar à legislação ambiental, após o derramamento de 1,29 t de óleo bruto na baía de Guanabara, em janeiro daquele ano. No total, pelo convênio, o programa deverá receber R$ 7,1 milhões.
Na versão anterior, que gastou R$ 4,213 milhões, o projeto atendeu 1.089 jovens de 16 a 22 anos. Eles fizeram cursos de conscientização e conservação ambiental.
A atual equipe da secretaria diz que, dos R$ 4,2 milhões repassados pela Petrobras até abril deste ano, quando Garotinho deixou o governo para concorrer à Presidência, não há comprovação de gastos para cerca de R$ 1 milhão.
O programa era gerenciado pela Fundação João Daudt d'Oliveira, sem experiência em projetos ambientais. Corrêa diz que escolheu a fundação, que gerenciou a construção do piscinão de Ramos, por ter ficado impressionado com um artigo sobre arrecadação de recursos para projetos culturais escrito por seu presidente, Armando Daudt de Oliveira Filho.
O atual secretário do Meio Ambiente, Liszt Vieira, que rescindiu o contrato com a fundação, acusa Corrêa de ter feito uso eleitoral do programa. Em apostila distribuída aos participantes, no item "O que você pode fazer para reduzir a poluição do ar", a primeira recomendação é "votar em candidatos que defendam o meio ambiente". As apostilas trazem na primeira página mensagem do então secretário, hoje candidato a deputado estadual pelo PV do Rio.
Pelo programa, os "monitores ambientais" -os 1.089 jovens- recebiam bolsas de R$ 80 após a conclusão do curso. "Do jeito que estava, o projeto só servia para remunerar, sem critério, coordenadores e monitores", afirma Vieira.
O novo projeto, chamado Cidadania Ambiental, substituirá os antigos 26 "técnicos" -como eram chamados os responsáveis pelas aulas, indicados pela secretaria- por 240 professores da rede estadual de ensino. Serão mantidas as bolsas para os alunos do novo programa. Os antigos bolsistas serão mantidos, segundo o governo, desde que estejam matriculados na rede pública.



Texto Anterior: Litoral: Tarifas de balsas terão reajustes a partir de hoje
Próximo Texto: Outro lado: Ex-secretário da pasta nega irregularidades
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.