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São Paulo, sexta-feira, 01 de agosto de 2003

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VIOLÊNCIA

Grupo usou veículo igual ao de um morador, com placas falsas, para entrar em condomínio e roubar 15 dos 26 apartamentos

Ladrões "clonam" carro e assaltam prédio

Willians Valente/Folha Imagem
Carro de polícia em frente ao prédio assaltado


GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

O carro era do mesmo modelo do de um morador. As placas eram iguais. Os vidros tinham película escura, como o veículo do morador. Mas o carro que teve a entrada autorizada pela portaria era outro e não era conduzido por um residente do condomínio. Trazia dois ladrões armados.
O disfarce permitiu que os homens (um deles com terno e gravata) rendessem o porteiro anteontem, às 18h30, e permitissem a entrada de mais sete assaltantes armados com revólveres, uma pistola e duas submetralhadoras. Começava um arrastão em 15 dos 26 apartamentos de um condomínio de classe média alta na Vila Andrade (zona sul de São Paulo).
Por duas horas e meia, os ladrões reuniram jóias, dinheiro e equipamentos eletrônicos. Fugiram em três veículos -dois trazidos pelos ladrões e um roubado de um morador. Na garagem do condomínio, ficou o Peugeot 206 usado para enganar o porteiro.
O carro é o que a polícia chama de dublê -veículo roubado no qual são colocadas placas de outro carro, que continua circulando, de modelo e cor iguais. A fraude é praticada por criminosos há mais de dez anos. O que mudou foi o alvo, segundo o delegado Manoel Camassa, da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado.
O disfarce era usado para "esquentar" veículos roubados, que continuam circulando com placas e documentação falsas. Dos 80 a 100 veículos apreendidos por mês pela delegacia, 95% são dublês.
"Vimos casos de dublês serem usados em assaltos a transportadoras e carros-fortes. A novidade é o uso da fraude para roubar um condomínio", afirmou Camassa. "O crime é uma ciência que progride como qualquer outra."
O Peugeot utilizado no arrastão anteontem tinha sido roubado no dia anterior. O carro recebeu placas frias iguais às do veículo de um morador do condomínio.
Dos 15 apartamentos assaltados, somente sete tiveram registro de ocorrência no 89º DP (Portal do Morumbi). Uma empresária declarou, por exemplo, ter perdido R$ 20 mil entre jóias e aparelhos eletrônicos. O total do roubo não foi calculado.
Ninguém tinha sido preso até o começo da noite de ontem. O condomínio possui câmeras, mas as imagens não são gravadas. Segundo a Secretaria da Segurança Pública, os ladrões aparentavam ter entre 18 e 35 anos.
Parte deles usou máscaras e luvas cirúrgicas. De acordo com um funcionário do condomínio, os ladrões não agrediram ninguém. A polícia não quis falar sobre a investigação do caso.


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