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BARBARA GANCIA
Uísque, companheiro?
Convenhamos: nos últimos tempos, a cintura do
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva deu uma bela murchada, ele
já não transpira mais furiosamente como nos primeiros meses
no Planalto nem chora a cada
discurso que faz, como era praxe
no início do mandato.
Mesmo assim, a imprensa insiste em insinuar que Lula anda bebendo além da conta. É uma notinha maliciosa aqui, um comentário vil ali, e a gente acaba tendo a
impressão de que o presidente do
país é o Boris Ieltsin.
Não é bem assim e, dias atrás,
Lula mostrou publicamente, em
Brasília, como encara os boatos a
esse respeito. Depois de fazer um
daqueles longos discursos que já
viraram rotina, o presidente entrou em uma sala onde estavam
sendo servidos sucos e café e, na
frente de várias testemunhas, perguntou ao garçom: "Não tem uísque?". Atônito, o serviçal respondeu que não, mas que iria providenciar um scotch imediatamente. Lula o conteve, dizendo: "O
que é isso, companheiro? São dez
horas da manhã, você acha que
eu tomo uísque a esta hora? Eu
estava brincando".
Por falar em beber uísque de
manhã, quem já encomendou em
algum site de compras a caixa de
DVDs com o quarto ano da série
"Sex and the City" deve ficar
atento ao impulso de se afogar no
álcool que a participação especial
da nossa Sônia Braga é capaz de
despertar. Eterna Gabriela Cravo
e Canela para exportação, Sônia
faz uma brazuca lésbica e artista-plástica de nome Maria Diega
Reyes (cuma?), que chama as
amigas nova-iorquinas à sua volta de "chicas".
São tantas caras, bocas e piscadas em uns poucos minutos em
cena que não sei como Sônia ainda não foi chamada para fazer
um quadro no programa da Ana
Maria Braga, ensinando ginástica facial à mulherada.
E, já que estamos falando de ginástica facial, a prefeita Marta
pode franzir a testa o quanto quiser, mas, como frequentadora assídua do Ibirapuera desde 1958,
prefiro ver a escangalhada marquise do parque ser repavimentada e seu lago despoluído a assistir
à construção de um novo teatro
no local.
Não seria mais sensato utilizar
o dinheiro que a iniciativa privada está oferecendo para consertar
o que já está avariado? De que
serve erguer um teatro no parque
se, com o tempo, ele acabará no
mesmo estado capenga em que se
encontra a marquise?
Afinal, senhora prefeita, "dinheiro de origem maravilhosa",
de fato, é aquele que é oferecido
sem ônus, para ser usado da forma que melhor convier.
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