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EDUCAÇÃO
Prefeitura pretende entregar outras 20 unidades até o fim deste ano; cada uma custa cerca de R$ 13 milhões
Ao lado de Lula, Marta inaugura o 1º CEU
AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL
Acompanhada do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, a prefeita Marta Suplicy irá inaugurar hoje o primeiro dos 21 CEUs (Centros Educacionais Unificados)
que pretende entregar neste ano.
Os "escolões", como são chamados, constituem a principal marca
que a prefeita deseja imprimir em
sua administração. Cada unidade
custará R$ 13 milhões.
Com 42 mil m2, o CEU Jambeiro, em Guaianazes (zona leste), é
o maior. Seguindo um padrão,
abriga escola de educação infantil,
escola de ensino fundamental e
creche, com capacidade total para
1.140 alunos em cada turno.
As crianças que "estréiam" o
novo modelo estudavam em escolas da região. A transferência foi
baseada na proximidade da moradia, mas nem todos foram contemplados. "Pedi para transferir
meus dois filhos, mas só um veio
pro CEU", afirma Rosimeire Silva, 30, que ontem foi buscar o crachá eletrônico do caçula.
A empolgação de mães deve-se
aos demais equipamentos: biblioteca, cinema, teatro, piscina, quadras poliesportivas e telecentro
-que também serão usados pela
comunidade. O objetivo é oferecer novas opções, como aulas de
dança e música. São essas atividades que, diz Marta, possibilitarão
uma "quebra do ciclo da miséria".
"A criança vai ver que existe outro mundo, terá outros sonhos e
expectativas", disse a prefeita nesta semana, ao visitar o terreno do
CEU Paz, na zona norte.
Essa estratégia encontra eco na
opinião de educadores. "A escola
faz parte de um complexo de práticas culturais, esportivas, sociais,
estéticas e políticas. Todas as escolas deveriam deixar de ser as
unidades estanques que têm sido", afirma Alípio Casali, professor de pós-graduação da PUC-SP.
Para Vera Masagão, coordenadora da ONG Ação Educativa, o
estímulo às artes nas escolas é um
canal transformador. "Hoje existem vários movimentos espontâneos, na periferia, em que os jovens encontraram uma saída
através da dança e da música."
Continuidade
Mas o elogio à proposta não impede Masagão de questionar a intenção do projeto. "Meu temor é
que o CEU seja uma obra faraônica eleitoreira que os próximos governos deixarão dilapidar."
Esse é um receio que existe dentro do próprio partido de Marta.
Para o parlamentar Chico Alencar
(PT-RJ), membro da Comissão de
Educação da Câmara dos Deputados, projetos como o CEU devem
se ater à realidade econômica.
"Não adianta ter um projeto
que repercute muito, de manutenção dispendiosa, se não há planejamento para mantê-lo. No Rio
houve uma proposta em tese
muito interessante: os Cieps, que,
com a mudança de governo, foram abandonados."
Os Cieps (Centros Integrados
de Educação Pública) foram criados em 1985 por Leonel Brizola,
quando era governador do Rio, e
tinham como base o projeto de
escola-parque, elaborado pelo
educador Anísio Teixeira na década de 50 e no qual a Prefeitura
de São Paulo também se apoiou
para elaborar os CEUS.
Mas a secretária municipal de
Educação, Cida Perez, rejeita
comparações. A principal diferença, para ela, está na forma de
gestão adotada nos CEUs. Cada
"escolão" terá um gestor, eleito
pela comunidade, que definirá o
uso do equipamento. "Os Cieps
não tinham relação com a comunidade e terminaram se isolando.
No CEU, a comunidade garantirá
a continuidade do projeto."
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