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São Paulo, sexta-feira, 01 de agosto de 2003

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EDUCAÇÃO

Prefeitura pretende entregar outras 20 unidades até o fim deste ano; cada uma custa cerca de R$ 13 milhões

Ao lado de Lula, Marta inaugura o 1º CEU

AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL

Acompanhada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a prefeita Marta Suplicy irá inaugurar hoje o primeiro dos 21 CEUs (Centros Educacionais Unificados) que pretende entregar neste ano. Os "escolões", como são chamados, constituem a principal marca que a prefeita deseja imprimir em sua administração. Cada unidade custará R$ 13 milhões.
Com 42 mil m2, o CEU Jambeiro, em Guaianazes (zona leste), é o maior. Seguindo um padrão, abriga escola de educação infantil, escola de ensino fundamental e creche, com capacidade total para 1.140 alunos em cada turno.
As crianças que "estréiam" o novo modelo estudavam em escolas da região. A transferência foi baseada na proximidade da moradia, mas nem todos foram contemplados. "Pedi para transferir meus dois filhos, mas só um veio pro CEU", afirma Rosimeire Silva, 30, que ontem foi buscar o crachá eletrônico do caçula.
A empolgação de mães deve-se aos demais equipamentos: biblioteca, cinema, teatro, piscina, quadras poliesportivas e telecentro -que também serão usados pela comunidade. O objetivo é oferecer novas opções, como aulas de dança e música. São essas atividades que, diz Marta, possibilitarão uma "quebra do ciclo da miséria".
"A criança vai ver que existe outro mundo, terá outros sonhos e expectativas", disse a prefeita nesta semana, ao visitar o terreno do CEU Paz, na zona norte.
Essa estratégia encontra eco na opinião de educadores. "A escola faz parte de um complexo de práticas culturais, esportivas, sociais, estéticas e políticas. Todas as escolas deveriam deixar de ser as unidades estanques que têm sido", afirma Alípio Casali, professor de pós-graduação da PUC-SP.
Para Vera Masagão, coordenadora da ONG Ação Educativa, o estímulo às artes nas escolas é um canal transformador. "Hoje existem vários movimentos espontâneos, na periferia, em que os jovens encontraram uma saída através da dança e da música."

Continuidade
Mas o elogio à proposta não impede Masagão de questionar a intenção do projeto. "Meu temor é que o CEU seja uma obra faraônica eleitoreira que os próximos governos deixarão dilapidar."
Esse é um receio que existe dentro do próprio partido de Marta. Para o parlamentar Chico Alencar (PT-RJ), membro da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, projetos como o CEU devem se ater à realidade econômica.
"Não adianta ter um projeto que repercute muito, de manutenção dispendiosa, se não há planejamento para mantê-lo. No Rio houve uma proposta em tese muito interessante: os Cieps, que, com a mudança de governo, foram abandonados."
Os Cieps (Centros Integrados de Educação Pública) foram criados em 1985 por Leonel Brizola, quando era governador do Rio, e tinham como base o projeto de escola-parque, elaborado pelo educador Anísio Teixeira na década de 50 e no qual a Prefeitura de São Paulo também se apoiou para elaborar os CEUS.
Mas a secretária municipal de Educação, Cida Perez, rejeita comparações. A principal diferença, para ela, está na forma de gestão adotada nos CEUs. Cada "escolão" terá um gestor, eleito pela comunidade, que definirá o uso do equipamento. "Os Cieps não tinham relação com a comunidade e terminaram se isolando. No CEU, a comunidade garantirá a continuidade do projeto."


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